Policial que matou jovem em loja de jogos continua na ativa e familiares sentem impunidade

Dois meses após o assassinato de David Alexandre Castorino Moreira, a família clama por justiça e questiona o status do policial envolvido.

David Alexandre Castorino Moreira
Foto: Arquivo pessoal
David Alexandre Castorino Moreira

Quase dois meses após o policial penal William Lopes dos Santos, de 42 anos, atirar e matar David Alexandre Castorino Moreira, de 23 anos, em uma loja de jogos caça-níquel em Belo Horizonte, o servidor estadual continua em atividade, ocupando o mesmo cargo. A situação tem gerado um clima de impunidade e frustração entre os familiares da vítima. A história foi contada pelo portal "UOL".

O crime ocorreu em 28 de junho deste ano e foi registrado por câmeras de segurança. David Alexandre foi morto após ofender a esposa e a filha do policial com xingamentos. O incidente aconteceu no bairro Copacabana, região de Venda Nova, onde a vítima trabalhava.

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) instaurou um processo administrativo contra o policial no mesmo dia do crime. Segundo a Sejusp, o procedimento está em andamento na Corregedoria e o policial permanece em serviço até que o processo seja concluído ou haja uma determinação judicial para seu afastamento.

Em relação ao âmbito criminal, a investigação está a cargo da Polícia Civil. A corporação informou que o inquérito segue no Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), mas não forneceu detalhes adicionais sobre o caso.

A Sejusp estima que a apuração na Corregedoria pode levar até 60 dias. William Lopes dos Santos, policial penal efetivo desde junho de 2017, está lotado na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG).

A defesa de William Lopes dos Santos, representada pela advogada Kenia Ferreira, afirmou que o policial está exercendo seu direito de responder ao processo em liberdade e tem colaborado com as investigações. A nota lamenta a perda da família da vítima, mas não menciona a permanência de William no cargo.

A família de David Alexandre está indignada com a continuidade do policial no cargo e a sensação de impunidade. Glayson Moreira, pai de David, expressou sua frustração:

"Eu fico imaginando se fosse o meu filho que tivesse assassinado esse policial. Ele seria preso e o julgamento já estaria marcado." Glayson destacou ao UOL que seu objetivo não é vingança, mas justiça, e que a dor da perda é agravada pela sensação de que o responsável pelo crime ainda está livre.

Márcia Martins Castorino, mãe de David, também está angustiada. Ela relatou que mudou de endereço para evitar a constante lembrança do local do crime e criticou a lentidão da investigação. "A sensação de impunidade acaba destruindo a gente. É saber que o tempo está passando e as coisas estão da mesma forma," disse ela ao portal.

Márcia criticou a autorização do policial para continuar portando arma. "Como pode uma pessoa estar trabalhando com a arma nas mãos, se com a própria arma que ele estava nas mãos ele tirou a vida do meu filho?" questionou.

Contexto do Crime

David Alexandre era apaixonado por tecnologia e jogos eletrônicos, e escolheu trabalhar em lojas especializadas. Ele estava reformando uma casa para ele e sua esposa. Durante o incidente, David teria chamado a filha de 17 anos do policial de "baranga" após um desentendimento.

Imagens das câmeras de segurança mostram William Lopes dos Santos entrando na loja e confrontando David, que foi agredido e, em seguida, baleado pelo policial. William fugiu do local após o disparo e se apresentou à polícia quatro dias depois, sendo ouvido na presença de um advogado e liberado em seguida.

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