"Meu pai não consegue mais dormir", diz morador do condomínio de Vinhedo onde avião caiu

Morador do condomínio Recanto Florido relata que vizinhos estão assustados e tentando retomar a rotina

Francisco Marques de Souza, de 44 anos
Foto: Pedro Lopes
Francisco Marques de Souza, de 44 anos

*Com informações de Pedro Lopes

Francisco Marques de Souza, de 44 anos, morador do condomínio Recanto Florido, em Vinhedo (SP), onde o avião da Voepass caiu na última sexta-feira (9 ), declarou ao portal iG que seus pais estão assustados: "Meu pai não está conseguindo dormir à noite". O acidente matou 62 pessoas, sendo 58 passageiros e 4 tripulantes.

Os pais de Francisco moram há 20 anos no condomínio, e estavam no local no momento do acidente. O filho, ao saber do ocorrido, foi até o local e se deparou com os carros da polícia e dos bombeiros, além do avião em chamas. "Mais um pouco tinha caído em casa", conta.

“Quando eu cheguei, vi o trabalho dos policiais e dos bombeiros e o avião pegando fogo. É muito triste tudo isso, a gente está tentando, mas vai demorar pra voltar à rotina”.

Segundo Francisco, são cerca de 550 moradores no condomínio Recanto Florido.
Ao ser perguntado sobre como está o local do acidente, ele conta que a área está interditada com uma fita, e que tem uma lona preta que cobre os destroços.

Funcionários trabalhando no condomínio
Foto: Pedro Lopes
Funcionários trabalhando no condomínio

Retomada

Pouco a pouco, a vida e as atividades no condomínio estão voltando ao normal. Na manhã desta segunda-feira (12), funcionários do próprio condomínio limpavam o local, que serviu de abrigo para os policiais e para os bombeiros. 

Os moradores também estão tentando retomar as atividades, no entanto, seguem abalados. O condomínio também está cercado por profissionais de imprensa e lida com entrada e saída de carros da polícia.

1 /4 Homenagem às vítimas do acidente feitas pela vizinhança do condomínio Pedro Lopes
2 /4 Homenagem às vítimas do acidente feitas pela vizinhança do condomínio Pedro Lopes
3 /4 Homenagem às vítimas do acidente feitas pela vizinhança do condomínio Pedro Lopes
4 /4 Homenagem às vítimas do acidente feitas pela vizinhança do condomínio Pedro Lopes

A vizinhança do condomínio onde caiu o avião começou a realizar nesta manhã uma espécie de memorial às vítimas do acidente.

A aposentada Ivonete Estevam, moradora do condomínio ao lado, passou no local para deixar um vaso de flores.

Ela conta que viu o avião rodopiando na sexta-feira, e pensou que ele poderia cair sobre a sua casa. "Trouxe flores em homenagem aos que se foram", afirma ela, que conta que a sensação é de "medo e tristeza".

Foto: Pedro Lopes/Portal iG
Cristiano trouxe a sobrinha para prestar homenagem às vítimas


Já o bombeiro civil Cristiano Barbo, que mora próximo ao local e participou voluntariamente dos trabalhos realizados na sexta-feira, trouxe a sobrinha Emanuella para prestar homenagem às vítimas do acidente.

Os dois colocaram flores no local e fizeram uma oração. "É fácil louvar a Deus quando tudo vai bem. Trouxe minha sobrinha pra ensinar que a gente tem de agradecer por estar vivo", disse ele.

Foto: Reprodução
Imprensa fora do condomínio

O acidente

Na última sexta-feira, 9 de agosto, um acidente aéreo devastador ocorreu quando um avião da Voepass, operando o voo entre Cascavel, no Paraná, e o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, caiu em um condomínio residencial em Vinhedo, interior de São Paulo. A tragédia resultou na morte de todas as 62 pessoas a bordo, incluindo 58 passageiros e 4 membros da tripulação.

O voo utilizava uma aeronave ATR 72-500, que havia partido às 11h50 com previsão de chegada às 13h45, conforme registrado pelo FlightAware. A aeronave caiu cerca de 20 minutos antes do horário esperado de pouso, após descer abruptamente quase 4 mil metros em apenas dois minutos . Imagens gravadas por moradores da região mostram o momento em que o avião perdeu altitude e colidiu com o solo.

O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) confirmou que a documentação da aeronave estava em ordem e que os pilotos eram adequadamente treinados para operar o ATR 72-500. A Voepass também informou que o avião havia passado por uma manutenção de rotina na noite anterior ao acidente, realizada em sua base em Ribeirão Preto (SP).

Ainda não foram determinadas as causas exatas do acidente, mas uma hipótese considerada é o possível acúmulo de gelo na fuselagem, que poderia ter comprometido a sustentação do voo. Outros pilotos na área relataram a presença de "formação severa de gelo", apesar de o ATR 72-500 ser projetado para enfrentar condições meteorológicas adversas.

O brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, indicou que até o momento não há evidências de que os pilotos tenham se comunicado com a torre de controle antes da queda. A aeronave estava equipada com duas caixas-pretas, que  foram recuperadas na tarde do acidente e enviadas ao laboratório do Cenipa para análise no sábado de manhã.