PGR foi contra prisão preventiva de investigados pela "Abin paralela"

No entendimento de Gonet, não existiam "fatos novos ou contemporâneos" que justificariam os mandados de prisão

Paulo Gustavo Gonet Branco foi contra a prisão preventiva dos investigados pela 'Abin paralela'
Foto: Pedro França/Agência Senado - 13.12.2023
Paulo Gustavo Gonet Branco foi contra a prisão preventiva dos investigados pela 'Abin paralela'

O procurador-geral da República , Paulo Gonet , emitiu um parecer contrário às prisões preventivas feitas pela Polícia Federal na nova fase da "Operação Última Milha" , que investiga a existência de uma "Abin paralela" durante o governo de  Jair Bolsonaro (PL). 

No entendimento de Gonet, não existiam "fatos novos ou contemporâneos" que justificariam uma prisão preventiva dos investigados. Para o PGR, medidas alternativas, como mandados de busca e apreensão, já seriam suficientes para apurar os crimes acontecidos entre 2019 e 2022. 

"No presente caso, não existem atividades ilícitas novas ou recentes, aptas a indicarem a permanência de riscos à ordem pública, à instrução criminal ou à aplicação da lei penal. Transcorrido lapso considerável desde a data dos crimes investigados (2019/2022), não se verifica a indicação de fatos ou circunstâncias que apontem a ocorrência ou permanência de riscos que se pretende evitar com a prisão cautelar", disse Gonet no parecer. 

Moraes autorizou

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), não concordou com a opinião do PGR e autorizou a prisão de Mateus de Carvalho Sposito, Richards Dyer Pozzer, Rogério Beraldo de Almeida, Marcelo Araújo Bormevet e Giancarlo Gomes Rodrigues.

Ao autorizar as prisões, Moraes declarou  que estão presentes os indícios suficientes de que um crime foi cometido e do perigo decorrente da liberdade dos alvos.

“[Os indícios estão] inequivocamente demonstrados nos autos pelos fortes indícios de materialidade e autoria dos crimes descritos anteriormente, sendo patente, portanto, a necessidade de imediata decretação de prisão preventiva”, afirma o ministro. 

Moraes ainda viu elo entre o esquema da "Abin paralela" com os atos do 8 de Janeiro , quando manifestantes pró-Bolsonaro invadiram e destruíram a sede dos Três Poderes. 

Para Moraes, o esquema de espionagem ilegal contribuiu para incitar a tentativa de golpe "mediante a difusão de notícias falsas contra opositores, inclusive atacando todo o aparato eletrônico de votação".


Descobertas e acusações

De acordo com a PF, investigadores descobriram que membros dos Três Poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações falsas. A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.

Se as condutas forem confirmadas, os investigados podem ser indiciados pela PF e, posteriormente, denunciados à Justiça. Os possíveis crimes incluem:

- Organização criminosa;
- Tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito;
- Interceptação clandestina de comunicações;
- Invasão de dispositivo informático alheio.

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