O ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Ricardo Cappelli, negou neste domingo (23) que o ex-chefe da pasta, general Gonçalves Dias , estivesse tramando contra o governo no dia 8 de janeiro, quando extremistas bolsonaristas invadiram os prédios dos Três Poderes.
Segundo Capelli, tenta-se criar uma "narrativa a-histórica", "falsificando fatos" para tentar vender Gonçalves Dias como golpista.
"Eu sei o que vi e ouvi comandando as tropas no dia 8/01. Não é possível falsificar os fatos criando uma narrativa a-histórica como tentam fazer extremistas terraplanistas. Onde estão Heleno e Braga Neto? Se há um general conspirador e golpista, certamente não é o honrado Gdias", escreveu Capelli no Twitter.
Após a divulgação de vídeos da sua atuação no 8 de janeiro, Dias se demitiu. Ele afirma que estava no Planalto para retirar os invasores de lá, mas não conseguiu prendê-los pela desvantagem numérica. À Polícia Federal ele alega ter feito "gerenciamento de crise".
Na sexta-feira (21), os responsáveis por apurar o episódio escutaram o ex-ministro do GSI, Gonçalves Dias. O general afirmou que não teve qualquer responsabilidade nas ações dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) e negou qualquer omissão durante a invasão.
Gonçalves Dias também relatou que agiu para impedir que os bolsonaristas continuassem vandalizando o Palácio do Planalto e que apenas indicou a porta de saída para o segundo andar, espaço em que a Polícia Militar do Distrito Federal e as Forças Armadas efetuaram uma série de prisões.
O depoimento durou cerca de cinco horas e o ex-chefe da GSI falou com a TV Globo. “O comparecimento na sede da Polícia Federal é, para mim, uma grande oportunidade de esclarecer os fatos que têm sido explorados na imprensa”, comentou.
"Confio na investigação e na Justiça, que apontarão que eu não tenho qualquer responsabilidade seja omissiva ou comissiva nos fatos do dia 08 de janeiro", acrescentou o general.
8 de janeiro
Os prédios do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF) foram invadidos por bolsonaristas na tarde de 8 de janeiro. Eles protestaram contra a vitória de Lula e o uso das urnas eletrônicas.
Cerca de mil pessoas foram presas e levadas para a carceragem da Polícia Federal na capital. Algumas já foram liberadas por decisões do STF, enquanto outros ainda aguardam o pedido de habeas corpus.
Nesta semana, o STF tornou réus os primeiros 100 suspeitos de participarem dos ataques. Outros 200 golpistas devem ter os casos analisados a partir de terça (25).
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