Não foi por falta de aviso. Durante o último ano de gestão Bolsonaro , a Funai ( Fundação Nacional dos Povos Indígenas) recebeu , entre abril e novembro de 2022, um total de 36 alertas sobre as más condições enfrentadas pela etnia Yanomami em suas terras indígenas na Amazônia.
As denúncias tiveram origem tanto dos indígenas, quanto de organizações internacionais, como a ONU, além do próprio Ministério Público Federal (MPF) .
Um caso emblemático ocorreu no dia 28 de abril. Três dias após a morte de uma criança indígena de 12 anos, que teria sido estuprada por garimpeiros, lideranças enviaram um pedido de socorro à Funai.
O caso ligou o alerta de entidades nacionais e estrangeiras que passaram a cobrar ações do órgão.
Reportagem publicada pelo jornal O GLOBO revela um trecho da carta de socorro de uma liderança indígena. A Hutukara Associação Yanomami relatou que:
“Em todo o território, o garimpo invade nossas terras, destrói nosso modo de vida, nossas roças e gera fome e violência. Nossas famílias estão adoecendo e morrendo de doenças facilmente tratáveis. Nossos jovens estão morrendo da violência das armas de fogo trazidas pelos garimpeiros. Queremos viver em paz”
Outro apelo, dessa vez feito por um indígena anômimo dizia:
“A crianças da terra indígena yanomami estão morrendo de com sintomas de malária e desnutrição, sem nem mesmo receber tratamento médico”
Após as denúncias, a ONU enviou representantes à região entre 22 e 26 de maio de 2022. O relatório da organização foi enviado a Defensoria Pública da União e também à Funai.
A ONU classificou o caso como uma “grave crise humanitária e de direitos humanos” e relata casos de circulação de álcool e drogas e “abusos sexuais contra mulheres e meninas por garimpeiros".
A então deputada federal Joenia Wapichana, atual presidente da Funai, ela formalizou no dia 14 de setembro denúncia sobre a morte de seis crianças indígenas nas regiões de Xitei e Surucucus, localizadas na Terra Indígena Yanomami.
Ao Ministério Público Federal ela relatou “falta de assistência à saúde indígena em Roraima”. Dois dias depois, o caso foi enviado à Funai e Polícia Federal.
Em 20 de julho do ano passado, a procuradoria da República do Ministério Público Federal em Roraima classificou a situação como grave. “São alarmantes indicadores de vigilância alimentar e nutricional da TI yanomami”.
O documento, assinado pelo procurador da república Alisson Margual, dizia ainda à época:
“A cada 3 dias uma criança ianomami tem que ser removida para receber atendimento de média ou alta complexidade por subnutrição grave, muitas delas indo a óbito".
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