O ex-presidente da Rússia Dmitri Medvedev acusou neste domingo a Alemanha de travar uma "guerra híbrida" contra a Rússia, justificando o corte do fornecimento russo de gás a Berlim por seu comportamento "hostil" após a invasão da Ucrânia por Moscou.
As declarações foram feitas em um momento em que as relações entre Alemanha e Rússia, já tensas pelo conflito na Ucrânia, ficaram ainda mais complicadas depois que Moscou cortou o fornecimento de gás para Berlim através do gasoduto Nord Stream.
"O chanceler alemão Olaf Scholz afirmou que 'a Rússia não é mais um fornecedor de energia confiável. Em primeiro lugar, a Alemanha é um país hostil. Em segundo lugar, impôs sanções contra toda a economia russa (...) e está entregando armas letais à Ucrânia", disse Medvedev em uma mensagem no Telegram.
"Em outras palavras, está sendo declarada uma guerra híbrida contra a Rússia. A Alemanha está se comportando como um inimigo da Rússia", acrescentou.
Na sexta-feira, a gigante russa do gás Gazprom anunciou a suspensão total das entregas pelo gasoduto Nord Stream, que cruza o Mar Báltico, oficialmente após detectar um vazamento em uma turbina. Os europeus, que apoiam a Ucrânia contra a ofensiva russa, acreditam que Moscou usa esse pretexto para chantageá-los com energia à medida que o inverno se aproxima.
Antes da guerra, a Rússia era responsável por 40% do gás consumido pela Alemanha, mas as entregas vêm sendo reduzidas por Moscou, sempre com alegações técnicas. No início da guerra, Berlim suspendeu a inauguração do segundo gasoduto para entrega do gás russo pelo Mar Báltico, o Nord Stream 2.
Premier ucraniano em Berlim
As declarações de Medvedev coincidem com a chegada a Berlim do primeiro-ministro ucraniano, Denys Chmygal, que foi pedir mais apoio contra a Rússia. Chmygal desembarcou neste domingo, e espera virar a página das recentes tensões bilaterais. É a primeira visita neste nível de um representante ucraniano à Alemanha desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro.
A Alemanha tem sido acusada por Kiev de dubiedade em sua política de apoio militar à Ucrânia, o que irritou o governo de Kiev. Mas as relações entre os dois países melhoraram desde então e, na segunda-feira, o chanceler Scholz disse que seu país assumirá "uma responsabilidade especial" para ajudar a Ucrânia a fortalecer seus sistemas de artilharia e defesa aérea.
Chmygal se encontrou com o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier e deve se reunir também com Scholz
"A Alemanha continuará do lado da Ucrânia de forma confiável", disse Steinmeir ao líder ucraniano, segundo a porta-voz do presidente alemão.
Chmygal, por sua vez, reconheceu os esforços da Alemanha para fornecer armas a Kiev, mas pediu que mais armas fossem enviadas.
"Queremos receber mais armas e equipamentos o mais rápido possível", disse ele, enfatizando a necessidade de tanques modernos.
Chmygal também planeja pedir à Alemanha que rotule as atrocidades cometidas pelos russos como "genocídio".
"É política russa: eles matam civis na Ucrânia apenas porque são ucranianos", disse ele durante a reunião em Berlim.
Salvini questiona sanções
Já na Itália o líder do partido de extrema direita Liga, Matteo Salvini, questionou neste domingo a eficácia das sanções econômicas contra a Rússia pela invasão da Ucrânia, que teriam dado vantagens a Moscou e "posto de joelhos" os países sancionadores.
"Vários meses se passaram e as pessoas pagam o dobro ou quádruplo nas contas [de energia]. Enquanto a guerra continua, os cofres da Federação Russa estão cheios de dinheiro", disse Salvini à rádio RTL.
"As sanções funcionam? Não. Até hoje, aqueles que foram sancionados vencem, enquanto aqueles que impuseram as sanções estão de joelhos" também afirmou Salvini em uma postagem post no Twitter. Ele continuou: "Alguém na Europa fez um cálculo errado: é fundamental repensar a estratégia para salvar empregos e negócios na Itália".
"Não acho que Putin teria dito melhor", respondeu imediatamente Enrico Letta, líder do Partido Democrático (PD), um dos principais oponentes de Salvini nas eleições legislativas de 25 de setembro.
Mara Carfagna, ministra do Sul, afirmou que quando ouve Salvini falar sobre as sanções, tem a impressão de ouvir a propaganda de Putin.
Os laços de Matteo Salvini com Moscou criaram preocupação na Itália, especialmente desde a invasão da Ucrânia.
Tais declarações podem prejudicar a campanha de Salvini e seus aliados do Força Itália, partido de Silvio Berlusconi, e dos Irmãos da Itália, o partido pós-fascista liderado por Giorgia Meloni. Giorgia Meloni, que lidera as pesquisas de opinião e pode se tornar a primeira mulher chefe de governo da Itália, se disse a favor de sanções e à entrega de armas à Ucrânia.
No último dia, o fórum The European House - Ambrosetti deve reunir os principais líderes políticos italianos, entre eles Giorgia Meloni, Matteo Salvini e Enrico Letta.
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