Chefe de gabinete do MEC se contradiz após citar pastor Arilton Moura

Djaci Vieira afirmou que Milton Ribeiro vetou lobista após suspeitas de propina, contudo, agenda mostra que pastor se encontrou com ex-ministro após suspeitas

Chefe de gabinete do MEC cai em contradição com fala em depoimento
Foto: Reprodução
Chefe de gabinete do MEC cai em contradição com fala em depoimento


Em depoimento prestado à Controladoria-Geral da União (CGU), o chefe de gabinete do Ministério da Educação , Djaci Vieira de Sousa, disse que o então ministro da Educação, Milton Ribeiro, parou de receber o pastor lobista Arilton Moura assim que tomou conhecimento das suspeitas envolvendo pedidos de propina. Mas a própria agenda oficial da pasta contradiz essa versão.

Djaci concedeu depoimento aos auditores da CGU no dia 4 de novembro do ano passado e disse que Ribeiro pediu para vetar a presença dos pastores lobistas em eventos do MEC.

“Quando teve essa informação que chegou aqui, que foi relatada à CGU, de imediato o ministro pediu já pra suspender mesmo a participação desse senhor nos eventos. A nossa linha aqui é bem severa com isso”, afirmou.

Os registros públicos das agendas do MEC mostram que Ribeiro se encontrou com Moura ao menos cinco vezes após ficar sabendo das suspeitas de irregularidades e pedir à CGU para apurar o caso.


Além das cinco agendas oficiais com Milton Ribeiro registradas no MEC após a denúncia feita à CGU, Moura ainda teve encontros com o então ministro em um hotel de luxo em São Luís, no Maranhão, em setembro do ano passado, e também em um jantar reservado em um apartamento em Brasília no mês de dezembro de 2021. Procurados, o MEC e Moura não comentaram.

O chefe de gabinete também negou que o pastor Arilton Moura tivesse influência no agendamento de encontros com Milton Ribeiro, apesar de os próprios prefeitos terem relatado que era necessária a intermediação dos pastores para obter uma agenda no ministério.

Nessa investigação, que teve duração de setembro de 2021 a março deste ano, a CGU não chegou a colher o depoimento do então ministro Milton Ribeiro a respeito dos fatos. Ele só foi ouvido depois que o caso foi reaberto, após prefeitos relatarem que os pastores eram responsáveis por intermediar agendas com o ministro.

Após ter ouvido apenas integrantes do ministério e nenhum prefeito, a CGU chegou à conclusão de que não houve suspeita de corrupção envolvendo funcionários públicos, mas que pode ter havido crime por parte do pastor Arilton Moura. Por isso, recomendou o envio do material à Polícia Federal.

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