Empresa que Moro trabalhou recebeu R$ 65 milhões de alvos da Lava-Jato
A cifra representa 77% do total de honorários pagos a Alvarez & Marsal
O escritório que contratou o ex-ministro e ex-juiz da Lava-Jato Sergio Moro, Alvarez & Marsal, recebeu cerca de R$ 65 milhões de honorários de empresas que foram alvos da operação, o equivalente a 77,6% dos seus recebimentos no Brasil.
Os dados foram informados pela empresa ao Tribunal de Contas da União (TCU), em um processo aberto para apurar possíveis irregularidades da atuação de Moro no escritório, pelo fato de ele ter sido juiz da Lava-Jato. A empresa, entretanto, afirmou ao TCU que Moro não atuava em processos envolvendo as empresas alvo da operação.
Esses pagamentos foram feitos pelas empresas Odebrecht, OAS, banco BVA, Galvão Engenharia e grupo Atvos (antiga Odebrecht Agroindustrial) ao contratarem o escritório para atuação em processos de recuperação judicial ou falência.
Procurado, o ex-ministro disse que seu contrato não era com a parte da empresa responsável por recuperações judiciais, que segundo ele tem outro CNPJ e fontes de receita diferentes. “Nunca prestei nenhum tipo de trabalho para empresas envolvidas na Lava Jato. E isso foi deixado claro, a meu pedido, no contrato que assinei com a renomada consultoria norte-americana. Nos meses em que estive na empresa, trabalhei com compliance e investigação corporativa, ou seja, ajudando e orientando empresas a construir políticas para evitar e combater a corrupção”, destacou Moro, por meio de nota.
O ex-ministro também diz que "jamais trabalhou" para a Odebrecht ou prestou consultoria, direta ou sequer indiretamente, a empresas investigadas na Lava Jato. “A empresa de consultoria internacional, para a qual prestei serviço, foi nomeada por um juiz para atuar na recuperação judicial de créditos da Odebrecht, ou seja, para ajudar os credores a receberem dívidas. E eu jamais trabalhei nesse departamento da empresa", completou o ex-juiz.
A Alvarez & Marsal, em petição apresentada ao TCU, afirmou que não existe conflito de interesse na contratação de Sergio Moro e que não houve irregularidades em sua atuação.