Mãe de gestante encontrada morta sem o bebê cobra resposta sobre filha
Psicopedagoga vai pela primeira ao local onde filha foi assassinada, no ano passado, em Deodoro, na Zona Oeste do Rio, e faz apelo por Justiça
Um ano e três meses após o assassinato da manicure Thaysa Campos dos Santos, de 23 anos, grávida de oito meses e encontrada morta sem o bebê que esperava em seu ventre, a psicopedagoga Jaqueline Campos, de 51, esteve neste domingo, no local onde a filha foi assassinada. Ao pisar pela primeira vez no ponto onde o corpo de Thaysa foi encontrado, às margens da linha férrea, em Deodoro, na Zona Oeste do Rio, ela se emocionou e chorou.
Acompanhada de um grupo de parentes e de amigos, que com faixas e cartazes pediam Justiça para o caso, ela revelou ter feito uma oração, na noite da véspera do Natal, em Brasília, onde mora atualmente, pedindo que o caso seja solucionado. E que a polícia descubra quem matou sua filha, e o que aconteceu com a criança, prevista para nascer em outubro de 2020.
Thaysa foi encontrada morta dia 10 de setembro do mesmo ano. Uma semana antes, entre o fim da noite do dia 3 e a madrugada do dia 4, imagens de uma câmera de segurança flagraram a jovem sendo arrastada para as proximidades do local onde foi localizada sem vida. Quem segurava a manicure pelo braço era um homem ligeiramente calvo e que era um pouco mais baixo do que a vítima.
"Na véspera do Natal fiz uma oração olhando para o céu. Agradeci a Deus pela minha vida e pela vida das minhas outras três filhas que estavam comigo em Brasília. Faltou a Thaysa. Lembrei muito dela, da alegria contagiante que a Thaysa tinha. Fiz uma oração e pedi um presente a Deus. Que se descubra a verdade, que mostre a verdade do que aconteceu com ela. Queria muito que quem fez isso pague pelo crime. Minha vida parou desde que tudo aconteceu. Fico chorando o tempo inteiro. Na noite de Natal foi assim. É uma dor muito grande", disse a psicopedagoga.
Thaysa Campos foi morta a uma distância aproximada de 200 metros da casa onde morava. Ela voltava da residência de uma amiga, onde havia ido buscar uma bolsa de gestante, quando teve seus passos interceptados por um suspeito. Ao olhar uma valeta, onde o corpo da manicure foi encontrado, no ano passado, a psicopedagoga fez um apelo em meio a lágrimas.
"Eu sou mãe, eu mereço saber a verdade. Nenhuma mãe merece passar pelo o que eu estou passando. Eu quero Justiça! Justiça pela minha filha. Quero saber onde está minha neta. Isso não pode ficar assim. Um ano e três meses de angústia e dor. Sem dormir direito . E um assassino covarde que está solto, que pode fazer uma nova vítima. Hoje sou eu que estou passando por isso. Amanhã pode ser outra mãe. Por favor, quero Justiça. Me ajudem a descobrir o que aconteceu", disse chorando.
O homem que matou Thaysa levou o telefone celular da gestante. Dias após o crime, o aparelho foi recuperado em uma feira de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e devolvido por agentes da Delegacia de Descoberta do Paradeiro (DDPA), então responsável pela investigação, para a família da manicure.
Em agosto, policiais da Delegacia de Homicídios da Capital, que assumiram o caso em maio, pediram o celular de volta e o encaminharam para ser analisado no Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), com auxílio de um software israelense, capaz de recuperar mensagens ou imagens apagadas em qualquer dispositivo eletrônico.
O objetivo é resgatar mensagens que tenham sido apagadas no telefone e tentar saber se Thaysa foi atraída para algum tipo de armadilha ou se ela vinha recebendo ameaças de morte. O programa de computador comprado e recebido pela Polícia Civil no último dia 31 de março também foi usado nas investigações da morte do menino Henry Borel, de 4 anos.
Neste sábado, O Globo revelou os últmos áudios, enviados por Thaysa para parentes. Nas mensagens, a gestante se sentia ameaçada e estava com medo de que algo acontecesse com ela e a criança. Em diálogos registrados nas redes sociais, Thaysa revela ainda uma tentativa feita por sua mãe, a psicopedagoga Jaqueline Campos, para que a jovem deixasse a casa que dividia com uma amiga e passasse a morar em outro endereço, junto com uma irmã. A intenção de Jaqueline seria deixar a filha mais segura na companhia de alguém da família.
As mensagens foram enviadas por Thaysa para parentes cerca de uma semana antes do crime. Numa delas, a jovem deixa claro que temia que algo acontecesse antes ou durante o parto, previsto para a partir de 20 de outubro de 2020. Numa conversa com uma parente, ela diz ter ido à igreja e ouvido uma revelação sobre coisas ruins que poderiam partir de outras pessoas.
Em seguida, pergunta sobre a santa protetora das parturientes e fala que vai pedir uma imagem para ter proteção divina. “Deixa eu perguntar, a senhora conhece a Nossa Senhora do Bom Parto? Porque minha colega falou que era para mim (sic) comprar uma Nossa Senhora do Bom Parto”, diz Thaysa num dos áudios.