PGR pede para processo de Aécio voltar ao STF, mas depois desiste

Procuradoria argumentava que foro por prerrogativa de função atingia os casos denominados de 'mandatos cruzados' de parlamentar federal

Foto: Câmara dos Deputados
Deputado Aécio Neves

Depois de pedir o retorno ao Supremo Tribunal Federal (STF) de duas ações que dizem respeito ao  deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) no caso JBS, e que hoje tramitam na prmeira instância, a Procuradoria-Geral da República (PGR) voltou atrás e disse à Corte que o caso pode continuar na Justiça Federal de São Paulo. No processo em questão, o parlamentar virou réu sob a acusação de ter recebido propina de R$ 2 milhões da empresa.

Na manifestação, assinada pela subprocuradora-geral da República Lindôra Maria Araújo, a PGR afirma que após reapreciar a matéria, "observou que como já houve o declínio dos autos para a primeira instância e a decisão não foi desafiada por recurso, a competência para processamento e julgamento dos fato" se firmou "no juízo de primeiro grau".

"Por esta razão, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL requer a desconsideração da petição 0010049, protocolada em 23/11/2021, com o consequente arquivamento dos autos", disse o despacho.

No último dia 23, tendo em vista a decisão tomada em maio pela Corte a respeito dos chamados "madatos cruzados", – senadores que viraram deputados federais e vice-versa – a PGR argumentou que o caso de Aécio estaria tramitando perante um "foro incompetente" e, por isso, deveria retornar ao STF.

Pela decisão tomada pelo STF e mencionada anteriormente pela procuradoria, deputados federais e senadores em mandatos cruzados continuam com a prerrogativa de foro privilegiado nos casos de investigações envolvendo mandatos anteriores.

Segundo Lindôra, há o entendimento consolidado na Corte de que o foro por prerrogativa de função alcança os casos denominados de "mandatos cruzados" de parlamentar federal. Mesmo assim, a PGR solicitou a desconsideração do pedido. A decisão caberá ao ministro Luís Roberto Barroso.

A denúncia contra Aécio foi oferecida ao Supremo em 2017 pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot, e recebida pela Primeira Turma da Corte em abril de 2018. À época, Aécio ainda era senador. Mas o caso foi remetido à primeira instância pelo fato de o tucano ter deixado de ser senador, e os fatos terem ocorrido em mandato anterior, apesar de sua eleição como deputado federal.