Após discurso de Fux, Bolsonaro volta a associar urna eletrônica a fraude

Presidente repete acusações e fala em "indícios"

Foto: Alan Santos/PR
Presidente Jair Bolsonaro



Mesmo após o duro recado do presidente do Supremo Tribubal Federal (STF), ministro Luiz Fux , de que a corte está atenta às ameaças à democracia, o presidente Jair Bolsonaro voltou a associar as urnas eletrônicas ao risco de fraude nas eleições de 2022. Os repetidos ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral ocorreu também após divulgação de carta de ex-presidentes do TSE e de ministros do STF, que condenaram a campanha que o presidente tem feito a favor do voto impresso e afirmam que, a volta desse modelo é que pode representar um 'cenário de fraudes'.

"Queremos a farsa no ano que vem? Uma eleição marcada por suspeição? E quem perder entra na Justiça. E quem vai julgar? Quem tirou o cara da cadeia, o tornou elegível e é que vai contar os votos depois. Não estou preocupado quem será eleito ano que vem, desde que a eleição seja limpa e democrática", disse Bolsonaro em referência a Lula e com novas críticas ao presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso.

Luiz Fux disse na reabertura dos trabalhos do Judiciário que deve haver harmonia entre os Poderes, mas sem "impunidade de atos que exorbitem o necessário respeito às instituições".

As declarações de Bolsonaro foram feitas no meio da tarde desta segunda, numa cerimônia no Ministério da Cidadania. O presidente dedicou a maior parte de seu discurso, de 18 minutos, a acusações repetidas contra as urnas eletrônicas. Ele não apresentou provas de fraude e voltou a falar em indícios.

"Por que um não quer o voto democrático temos que abaixar a cabeça? Qual o poder do presidente do TSE, que foi ao Congresso, e rapidamente faz a cabeça de deputados e faz os partidos trocarem integrantes da comissão para não ter o voto impresso", repetiu Bolsonaro sobre Barroso.

Bolsonaro afirmou que aliados pedem a ele cautela e mais cuidado com as palavras quando for se referir às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral.

"Mas o inimigo está aí. Os riscos estão aí", afirmou o presidente.