Caso Pazuello: Só o Butantan pode negociar CoronaVac no Brasil, diz farmacêutica

Declaração da Sinovac foi feita após vídeo mostrar encontro de ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello com empresa intermediária

Foto: Reprodução: iG Minas Gerais
Apenas o Instituto Butantan possui autorização para negociar a vacina CoronaVac em território brasileiro

A farmacêutica chinesa Sinovac publicou nota neste domingo afirmando que apenas o Instituto Butantan é autorizado a negociar a vacina Coronavac no Brasil. O esclarecimento foi feito após divulgação de vídeo em que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello se comprometia a comprar doses do imunizante de uma empresa intermediária .

Esse vídeo, antecipado pela Folha de S. Paulo e em mãos da CPI da Covid, mostra o encontro do então ministro com representantes da empresa World Brands. Pazuello já tinha afirmado ao colegiado que não negociava diretamente com nenhuma empresa. Em nota divulgada pela Secretaria Especial de Comunicação (Secom), após a divulgação da gravação, Pazuello frisou que “jamais negociou aquisição de vacinas com empresários”.

Vídeo: Pazuello se reuniu com empresários que ofereceram Coronavac como intermediários

A reunião com a World Brands ocorreu no dia 11 de março, como confirmou o Globo, no gabinete do então secretário executivo Élcio Franco. A intermediária fez uma oferta da vacina ao ministério pelo triplo do valor praticado pelo Instituto Butantan, de acordo com a Folha.

“No Brasil, apenas o Instituto Butantan, nosso parceiro exclusivo, pode adquirir a Coronavac . Temos trabalhado muito com o Instituto Butantan para fornecer vacinas a preços acessíveis para o povo brasileiro. Qualquer informação divulgada por qualquer empresa sem a autorização da Sinovac não tem significado legal”, diz a nota.

A farmacêutica classificou como “declaração fraudulenta” a alegação de que a World Brands poderia comprar diretamente da Sinovac e disse que tomará as medidas cabíveis, podendo até mesmo acionar a justiça para resolver este caso.

Conversa com intermediária

O vídeo divulgado nesta semana mostra um encontro de Eduardo Pazuello com representantes da World Brands, uma empresa de Santa Catarina de importação e exportação de produtos diversos.

Na gravação, Pazuello relata que estava recebendo uma comitiva liderada por um homem chamado John, presente no encontro, e fala no "compromisso" da pasta em fechar o negócio, acenando com a assinatura de um memorando de entendimento para comprar 30 milhões de doses da Coronavac. Nesse período, o ministério já tinha um acordo para aquisição de 46 milhões de doses da vacina com o Butantan.

Como o Globo já mostrou, Pazuello só ficou alguns minutos com a comitiva, ao fim da reunião. O ex-assessor da Saúde, o marqueteiro Markinhos Show, fez a gravação e a ideia seria usá-la para rebater críticas de que o ministério não estava atuando por vacinas. O ministro recuou da divulgação do vídeo e da assinatura do memorando após ser alertado sobre o valor da proposta e da possível falta de autorização da empresa para vender a Coronavac.

Leia também: CPI cria núcleos temáticos para acelerar análise de documentos durante recesso

Sem negociação

Em nota divulgada pela Secretaria Especial de Comunicação (Secom), Pazuello afirmou que “jamais negociou aquisição de vacinas com empresários”. Segundo o ex-ministro, a reunião na pasta foi marcada após um pedido formal da empresa e que ele, como representante “institucional”, foi até o local, ao fim do encontro, para cumprimentar os participantes.


Pazuello diz que o vídeo foi gravado por sugestão da assessoria de comunicação e que, após a gravação, ele foi informado pela equipe técnica que a proposta era “completamente inidônea e não fidedigna”. Por isso, segundo Pazuello, não foi elaborado o memorando de entendimento, citado na gravação, e tampouco o vídeo foi divulgado.