Favela da rocinha já sofre os impactos da pandemia
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Favela da rocinha já sofre os impactos da pandemia

RIO- A família do aposentado Antônio Edson Mesquita Mariano, que morreu no dia 30 de março, aos 67 anos, com suspeita de coronavírus na Rocinha , foi notificada pela clínica da família que exames confirmaram o diagnóstico.

A informação foi repassada na tarde de quinta-feira de acordo com a manicure Fabíola Mariano, de 35 anos, sobrinha de Antônio. Triste com a morte do tio, ela diz que o resultado ao menos traz um alívio para a família que não conseguiu se despedir do aposentado como queria.

– O corpo do meu tio foi cremado. Devido à suspeita do coronavírus sequer pudemos organizar um funeral. De certa forma, saber que fizemos a coisa certa traz alívio para nossa consciência – disse.

Na quinta-feira, a Secretaria municipal de Saúde confirmou que um dos mortos na Rocinha era um homem com 67 anos, assim como Antônio Édson. Mas, pela ética médica, o órgão não divulga detalhes que possam identificar a vítima, incluindo a data do falecimento. Cabe à família tornar público ou não o caso.

A família de Antônio Édson é natural de Sobral, cidade cearense com cerca de 150 mil habitantes a 230 quilômetros de Fortaleza. Na década de 1970, seu pai, Francisco José Mesquita Mariano deixou o Ceará em busca de uma vida melhor no Rio. Com ele, veio o pai de Fabíola, Os demais chegaram alguns anos depois. Seu Francisco e a família se fixaram na Favela da Rocinha , onde ele trabalhou como feirante vendendo produtos nordestinos.

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Na Rocinha, Antônio Édson se casou com sua prima, Maria Luísa, que também está internada com sintomas da doença.

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– Ao se recuperar, minha tia quer realizar um desejo que meu tio (Antônio Édson) tinha. É uma tradição da nossa família ser sepultada em Sobral, onde temos um jazigo. Meus avós (pai do aposentado) e quase todos os parentes que migraram ou nascera aqui foram enterrados lá. Como o corpo dele foi cremado, a ideia é espalhar as cinzas em algum lugar da terra natal – contou a manicure.

Fabíola tem trabalhado como voluntária na distribuição de cestas com materiais de limpeza e higiene pessoal nas áreas mais pobres da Rocinha. Ela conta que o cenário é preocupante:em boa parte da comunidade, apesar dos casos já confirmados, a adesão à quarentena tem sido muito baixa:

– Em pelo menos 40% das casas que tentamos entregar doações não encontramos ninguém. Como esse trabalho geralmente é feito à tarde, quando esperamos encontrar alguém, isso indica que as pessoas estão na rua, sujeitas a contrair a doença.


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