Guilherme Boulos é filósofo formado pela USP, além de psicanalista, professor, escritor e coordenador do MTST
Divulgação/PSOL 50
Guilherme Boulos é filósofo formado pela USP, além de psicanalista, professor, escritor e coordenador do MTST

O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) realizou sua conferência partidária nacional neste sábado (21) em São Paulo e oficializou a escolha de Guilherme Boulos como candidato do partido à presidência da República nas eleições que ocorrem em outubro desse ano, em chapa que terá a índigena Sônia Guajajara como candidata à vice-presidente.

Leia também: Partidos do 'Centrão' declaram apoio a Geraldo Alckmin nas eleições de 2018

Com a escolha por aclamação por parte dos filiados do PSOL que particiapram do evento, essa será a primeira vez que Guilherme Boulos , conhecido por ser coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) concorrerá à Presidência da República.

E no discurso realizado na convenção que contou coma presença de 61 membros do diretório nacional, parlamentares do partido, pré-candidatos aos governos estaduais, à Câmara dos Deputados, ao Senado Federal e às assembleias legislativas pelo PSOL , além de militantes do MTST e de organizações índigenas que também marcaram presença para demonstrar apoio à chapa, Boulos abordou dois discursos bastante ligados as suas raízes: trabalho e moradia.

Discurso do candidato do PSOL

Guilherme Boulos fez discurso na conferência do PSOL que oficializou seu nome como candidato à presidência da República onde criticou Alckmin, Bolsonaro e Temer
Reprodução/Globonews
Guilherme Boulos fez discurso na conferência do PSOL que oficializou seu nome como candidato à presidência da República onde criticou Alckmin, Bolsonaro e Temer

No primeiro discurso como candidato oficial do PSOL à Presidência da República , Boulos falou sobre suas propostas para a área da habitação e prometeu "desapropriar prédio vazio como muitos no centro dessa cidade".

Incitando a militância, ele também declarou que “gostem eles ou não, queiram eles ou não, vamos nos apropriar dos muitos prédios vazios e fazer moradia popular. Porque trabalhador também pode morar em lugar bom. Trabalhador também tem direito”, afirmou.

Outro assunto abordado pelo candidato e muito caro aos integrantes do MTST foi o da reforma agrária. Sobre isso, Boulos também afirmou que, caso eleite, iria "enfrentar o agronegócio" para "queiram eles ou não, fazer a reforma agrária. Esse é o nosso caminho. Essa aliança se construiu a partir da coragem e do compromisso com bandeiras como essa.”

Como já é de seu perfil, o candidato do PSOL também não se esquivou de assuntos polêmicos e marcou posição em relação ao aborto e à segurança pública. Sobre o primeiro, o presidenciável afirmou que "nossa campanha não vai ter medod de defender o dirieto ao aborto".

Já sobre o segundo, Boulos disse que pretende discutir o atual modelo de segurança pública, incluindo a proposta de desmilitarização das polícias. Ele também defendeu rever a política atual sobre drogas.

Além disso, Boulos também defendeu a liberdade do ex-presidente Lula, lembrou a morte da ex-vereadora do PSOL no Rio de Janeiro, Marielle Franco, e criticou adversários como Geraldo Alckmin (PSDB), Jair Bolsonaro (PSL) e o presidente Michel Temer.

Críticas ao governo e ao presidente Temer

Boulos, coordenador do MTST, terá Sônia Guajajara como companheira de chapa nas eleições presidenciais de 2018 marcadas para outubro
Reprodução/Globonews
Boulos, coordenador do MTST, terá Sônia Guajajara como companheira de chapa nas eleições presidenciais de 2018 marcadas para outubro

O candidato do PSOL também aproveitou o lançamento de sua candidatura para marcar posição clara de oposição ao governo. Diante da baíxissima popularidade e alta desaprovação do atual presidente Michel Temer, essa será uma das estratégias mais utilizadas pelos candidatos para tentar capitalizar votos, sobretudo entre aqueles que ocupam o espectro político-ideológico mais a esquerda.

No discurso, Boulos subiu o tom ao falar de Temer. Ele declarou que, se eleito, pretende combater privilégios e afirmou que sua candidatura tem lado. "Temos que dizer com todas as letras: não se avança em direitos sociais e políticas para o povo se  não for enfrentando os privilégios do 1%. Temos lado. Essa candidatura tem lado, e é o lado dos 99%."

Em tom crítico, o candidato disse que vai revisar as políticas do atual governo federal que, para os psolistas, não tem legitimidade para governar o país e, portanto, de "confiscar direitos dos trabalhadores". "Nosso primeiro compromisso, e esse úm ponto fundamental para a campanha que vamos fazer: revogar os atos desse governo ilegítimo de Michel Temer."

Mais a frente, Boulos voltou a citar Temer quando falava sobre o combate à crise econômica, segundo ele, responsabilidade do atual governo. "Enfrentar o golpe e tirar o país da crise que a quadrilha do Michel botou".

Conferência vão confirmando cisão na esquerda

Além de Boulos hoje, Ciro Gomes foi lançado como candidato pelo PDT ontem e confirmaram divisão da esquerda nas eleições presidenciais de 2018
Reprodução/Twitter
Além de Boulos hoje, Ciro Gomes foi lançado como candidato pelo PDT ontem e confirmaram divisão da esquerda nas eleições presidenciais de 2018

Dessa forma, Guilherme Boulos se torna o segundo candidato confirmado na corrida eleitoral à Presidência da República em outubro. Isso porque o PDT oficializou, ainda nessa sexta-feira (20),  Ciro Gomes como candidato no primeiro dia permitido pela justiça eleitoral. Dessa forma, as esperanças de ter uma candidato único do espectro político mais à esquerda acabaram.

Mas enquanto o PSOL lançou um chapa "pura" já fechada com candidatos à presidente e vice do mesmo partido, o PDT de Ciro oficializou apenas o nome do ex-ministro e ex-governador do Ceará como cabeça de chapa, deixando em aberta possíveis alianças com outros partidos para ocupar um eventual cargo de vice-presidente.

A candidatura de Ciro, inclusive, estava articulando uma grande aliança com os partidos do entitulado "Centrão" composto por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade, mas acabou sendo preterido pelo candidato do PSDB, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin .

Agora o mais provável é que Ciro seja apoiado apenas pelo PSB e tenha menos tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Mas mesmo os peessebistas estão em dúvida sobre ao lado de quem vão ficar nessas eleições: se o candidato do PDT ou do PT. O prazo limite para essa decisão ser tomada é 5 de agosto.

Já o PSOL de Boulos deve embarcar numa corrida mais solitária e apenas decidir se vai apoiar algum outro candidato ou não num eventual segundo turno sem a sua própria participação, é claro.

Tudo isso, porém, enterra de vez as expectativas que o PT, do ex-presidente Lula, e do próprio Ciro Gomes alimentaram de aglutinar as forças políticas da esquerda em um só nome para ter mais forças contra os advesários e conseguir um lugar no segundo turno com mais tranquilidade.

Quem é Guilherme Boulos?

Aos 15 anos, Guilherme Boulos ingressou no movimento estudantil como militante na União da Juventude Comunista
Divulgação/Guilherme Boulos
Aos 15 anos, Guilherme Boulos ingressou no movimento estudantil como militante na União da Juventude Comunista

Com 35 anos, o paulistano Guilherme Boulos é filósofo formado pela FFLCH-USP (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo), além de psicanalista, professor e escritor. Filho de dois médicos e professores da USP, sua vida política começou cedo, 20 anos atrás.

Em 1997, quando tinha apenas 15 anos, o candidato do Partido Socialismo e Liberdade ingressou no movimento estudantil como militante na União da Juventude Comunista (UJC). Depois disso, conheceu os movimentos que o fariam ficar conhecido pelo país: o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) e o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), do qual é coordenador.

Quem é a vice de Guilherme Boulos?

Vice de Guilherme Boulos nas eleições 2018, Sônia Guajajara ganhou projeção internacional pela luta travada em nome dos direitos dos índios e voz ativa no Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas)
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Vice de Guilherme Boulos nas eleições 2018, Sônia Guajajara ganhou projeção internacional pela luta travada em nome dos direitos dos índios e voz ativa no Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas)

A indígena Sônia Guajajara faz parte do povo Guajajara/Tentehar, da Terra Indígena Arariboia, no Maranhão. Filha de pais analfabetos, também iniciou uma luta pessoal pelo que acreditava cedo, aos 15 anos, quando deixou suas origens ao receber ajuda da Funai (Fundação Nacional do Índio) para cursar o ensino médio em Minas Gerais.

Formada, Sônia Guajajara voltou para o Maranhão, cursou Letras e Enfermagem e, depois, fez pós-graduação em Educação Especial. A militante indígena e ambiental já lutou contra projetos que ameaçavam o meio ambiente, ganhando projeção internacional pela luta travada em nome dos direitos dos índios e voz ativa no Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas).

Além da confirmação de sua chapa, com Guilherme Boulos como candidato à presidência da República, partidos como o PMN e o Avante também realizaram suas convenções neste sábado , mas ambos decidiram (não sem polêmcia) que não vão lançar candidato à presidência . Já neste domingo (22) está prevista a convenção do PSL. 

*Com informações da Agência Brasil

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