O governo brasileiro influenciou na decisão da Espanha de punir três torcedores do Valencia por atos racistas contra o atacante Vinicius Júnior , do Real Madrid e da seleção nacional. A condenação do trio, que foi o assunto da semana nos jornais brasileiros e espanhóis, foi inédita na história do país.
O caso envolvendo Vini Júnior aconteceu em maio do ano passado e ganhou repercussão mundial. Na ocasião, o astro do Real Madrid paralisou um jogo do Campeonato Espanhol depois de ouvir gritos de "mono" (macaco) das arquibancadas. Apesar da ampla divulgação do episódio, o governo brasileiro se viu obrigado a tomar alguma atitude ao perceber que a história terminaria em "pizza".
Em um telegrama, obtido via Lei de Acesso à Informação, o embaixador do Brasil na Espanha, Orlando Leite Ribeiro, lamentou ao Ministério das Relações Exteriores, de Brasília, a falta de mobilização do Ministério Público da Espanha, da Real Federação Espanhola de Futebol e da La Liga, responsável por organizar o campeonato.
"Infelizmente, em função do terremoto político atual e da aproximação do final do campeonato, o virtual desaparecimento do assunto na mídia espanhola não parece indicar solução célere da questão", diz um trecho do telegrama, enviado no ano passado.
Pressão
Os casos de racismo contra Vinicius Júnior acontecem desde fim de 2022, quando o atacante passou a ser um dos melhores jogadores do elenco do Real Madrid. Em abril do ano seguinte, a ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco, e a ministra da Igualdade da Espanha, Irene Montero, conversaram sobre o tema durante uma reunião.
A pressão, porém, passou a ser maior após o episódio dos torcedores do Valencia. Desde então, o embaixador brasileiro e seus auxiliares passaram a se encontrar com vários representantes do poder da Espanha, como ministros, a presidente da Câmara de Deputados, congressistas de oposição, o Procurador Geral e diversas outras autoridades. As informações são do Ge.com .
Nos últimos meses, Orlando Ribeiro ainda se reuniu com o então presidente do Conselho Superior de Esporte (CSD, na sigla em espanhol) , José Manuel Franco, e com outros congressistas do Partido Popular (PP).
A pauta do encontro foi a mudança na lei espanhola, que ainda não tipifica racismo especificamente como crime — a condenação dos três homens foi por delitos contra a integridade moral com agravante de discriminação por motivos racistas.
Apesar disso, a punição foi comemorada pelo governo brasileiro e, claro, pelo atacante Vinicius Júnior, que disse continuar lutando contra o crime.
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