O presidente Jair Bolsonaro, durante entrevista ao apresentador Tucker Carlson, em Brasília
Reprodução/Twitter @TuckerCarlson - 30.06.2022
O presidente Jair Bolsonaro, durante entrevista ao apresentador Tucker Carlson, em Brasília

Em entrevista ao canal americano Fox News nesta quinta-feira,  o presidente Jair Bolsonaro defendeu o uso de medicamentos ineficazes contra a covid-19 e questionou mais uma vez a eficácia da vacinação. Bolsonaro também minimizou o desmatamento da Amazônia e elogiou a decisão da Suprema Corte Americana de revogar o direito ao aborto.

Ao âncora e comentarista Tucker Carlson - conhecido por ser o nome do conservadorismo na TV Americana – Bolsonaro afirmou que não tomou a vacina contra a covis e que talvez tenha sido o “único chefe de estado do mundo a não aceitar as medidas restritivas”. O presidente justificou a sua decisão de não se vacinar alegando que uma pessoa que já tenha sido contaminada está imune.

"Uma pessoa que já tenha sido contaminada, já está imune, e não precisa tomar a vacina. E esse foi o meu caso. Agora, comprei vacina para todos os brasileiros. Eu não obriguei as pessoas a tomarem vacina, eu respeitei a liberdade individual", disse o presidente.

Bolsonaro, mais uma vez, questionou a eficácia da vacinação e defendeu o uso de medicamentos com ineficácia comprovada contra o vírus. Ser dar detalhes, o presidente citou “estudos” disponíveis fora do Brasil que mostram que mortes poderiam ter sido evitadas se não houvesse uma pressão contra o tratamento precoce. Disse, também, que apesar das doses de reforço, a população continua se contaminando e morrendo por causa do vírus.

"Pelos estudos que temos disponíveis fora do Brasil, muitas mortes poderiam ter sido evitadas se não tivesse tido tanta pressão por parte da mídia contra o tratamento precoce", disse, completando em outro momento: "Hoje você vê pessoas tomando terceira, quarta dose de vacina e continuam contraindo o vírus e morrendo."

As declarações de Bolsonaro, no entanto, não têm respaldo científico. Um estudo divulgado nesta semana pela revista científica Lancet concluiu que a vacinação evitou quase 20 milhões de mortes por covid no primeiro ano da campanha da vacinação. Além disso, especialistas já afirmaram que a vacinação não impede a contaminação, mas reduz significativamente o risco de uma evolução grave da doença.

Sem aborto, mais armas

Bolsonaro também elogiou a decisão da Suprema Corte Americana de derrubar o direito legal ao aborto. Ele reafirmou que defende a vida “desde a sua concepção”.

"A Suprema Corte Americana quando recentemente trocou o entendimento sobre aborto a esquerda não gostou disso. Nós gostamos, porque nós defendemos a vida desde a concepção."

Na sexta-feira, a Suprema Corte dos Estados Unidos, de maioria conservadora, derrubou por seis votos a três o direito ao aborto legal no país, revertendo a histórica decisão Roe contra Wade, de 1973. O veredicto, cujo esboço havia vazado em maio, significa que o aborto será banido ou significativamente limitado em ao menos 21 dos 50 estados americanos, com impactos que serão piores para as mulheres pobres e pertencentes a minorias.

Recentemente, Bolsonaro chamou de "inadmissível" o aborto realizado em uma menina de 11 anos no Brasil depois de ter sido estuprada. "Um bebê de SETE MESES de gestação, não se discute a forma que ele foi gerado, se está amparada ou não pela lei. É inadmissível falar em tirar a vida desse ser indefeso!", escreveu Bolsonaro na rede social.

O presidente também defendeu a política armamentista de seu governo e afirmou que o resultado da flexibilização de porte e posse de arma no país foi a redução no número de mortes por armas de fogo. Ele ainda sinalizou a possibilidade de aprovar leis neste sentido caso tudo “realmente” for bem nas eleições.

"E nas eleições, se tudo realmente for bem, nós teremos um apoio substancial no Congresso e poderemos passar leis sobre armas de fogo nas mesmas linhas que os Estados Unidos."

Por fim, o presidente minimizou o desmatamento na Amazônia. Bolsonaro foi questionado por Tucker se a floresta está sendo “destruída na velocidade que lemos”. Bolsonaro, então, afirmou:

"Não, não é verdade isso. Atualmente, dois terços do território brasileiro estão preservados e permanecem intocados, assim como nos anos 1500, quando este país foi descoberto pelos portugueses. Atos criminosos que acontecem, não vamos negar isso. Tem muita visibilidade porque há um interesse enorme em tornar a nossa soberania sobre a região amazônica um fato relativo ou percebido sob uma luz relativa", afirmou.

Bolsonaro, então, citou que agradeceu ao presidente Russo, Vladimir Putin, durante encontro por ter defendido que a Amazônia pertence aos brasileiros.

A entrevista de Bolsonaro foi ao ar com a tradução oficial do canal para o inglês. O GLOBO traduziu as falas do presidente para português a partir do que foi divulgado pela Fox News.


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