O ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
Divulgação/PT
O ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

O e x-presidente Luiz Inácio Lula Silva (PT) precisará lidar com um impasse sobre a definição de seu palanque na primeira viagem que fará depois de oficializar a sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto. O petista desembarca na próxima segunda-feira em Minas, segundo maior colégio eleitoral do país e estado-chave na eleição presidencial, num momento em que as negociações para a formalização do apoio ao ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) estão travadas.

Por causa dessa situação, ainda não está marcado um encontro de Lula com Kalil, pré-candidato ao governo do estado. Há desejo de ambos os lados de estarem juntos na eleição, mas o PSD não abre mão de lançar a candidatura à reeleição do senador Alexandre Silveira, que é presidente estadual do partido e figura próxima ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Já os petistas querem Reginaldo Lopes como candidato ao Senado da chapa.

"Estão fazendo uma batalha e não tem nada disso. Estou fazendo minha agenda, tenho que viabilizar minha campanha. Ninguém me convidou (para nada), não estou entendendo" disse Kalil ao GLOBO. "Eu sou de outro partido, não posso parar minha agenda pelo PT. Mas todas as vezes que o Lula me chamou para conversar eu me coloquei sempre à disposição. Para participar do evento (de lançamento da pré-candidatura de Lopes), precisaria avaliar com os colegas do partido, mas para tratar de política, estou às ordens."

Questionado se acredita que PT e PSD chegarão a um consenso para a formação de um palanque no estado, Kalil disse esperar que sim, mas ressaltou que o assunto está sendo tratado pelo presidente nacional do PSB, Gilberto Kassab. Lideranças que participam das negociações para a formação da chapa dizem que Kalil não aceitará uma aliança informal com o petista, sem a formalização da chapa e o acerto da vaga ao Senado. O classificou a previsão como “futurologia”.

Aliados de Lula em Minas cobram uma definição sobre o cenário local.

"Estamos aguardando o presidente Lula há algum tempo, é importante a vinda dele aqui, mas acho que ele vir a Minas sem resolver esse imbróglio do Senado não vai ter o brilho que poderia ter a visita. Esse assunto do Senado deveria ser resolvido antes" afirmou Anderson Adauto, que foi ministro dos Transportes no primeiro governo Lula e está filiado ao PCdoB, que faz parte da federação que terá o PT e o PV.

Adauto acredita que Lula tem opções de dois perfis para de chapa, uma mais ao centro com Silveira na disputa para o Senado e outra mais à esquerda com Lopes.

"O importante é ter uma solução.  Se ele vier sem a solução, vai criar mais uma onda sobre esse assunto."

A avaliação dos dois lados é que, sem um consenso, tanto Lula quanto Kalil saem perdendo —  pelo peso que o estado tem na eleição presidencial e o ex-prefeito pela necessidade de conquistar apoio fora da capital.

Os petistas de Minas acreditam que o impasse pode se resolver caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorize que sejam apresentadas duas candidaturas ao Senado por cada chapa. O deputado delegado Waldir (PL-GO) fez uma consulta à corte sobre o tema, mas ainda não há uma resposta.

Reservadamente, lideranças do PT no estado dizem que hoje Kalil, diante das últimas projeções de desempenho eleitoral, depende mais de Lula do que o contrário. Também afirmam que não há hipótese de acordo se Reginaldo Lopes não for contemplado com a vaga para concorrer ao Senado.

Um dos argumentos dos defensores de Silveira é que ele possui, graças ao manejo de emendas federais, grande influência sobre prefeitos do estado, o que poderia ajudar tanto Kalil como Lula.

O deputado petista Odair Cunha (PT) diz que o impasse será resolvido no tempo adequado e que Lula não pode esperar a definição exata de todos os palanques para só depois colocar a sua pré-campanha na rua.

"A pré-campanha do ex-presidente Lula deve ocorrer independentemente do tempo dos acertos eleitorais. O Lula não pode esperar que as coisas estejam todas resolvidas para percorrer o Brasil. E na política, prazo existe para ser usado. Se tem prazo (até agosto) para fazer convenções, por que temos que decidir antes da hora? Mas acredito que o melhor para Minas e para o Brasil é a nossa composição com o Kalil."

A agenda de Lula em Minas inclui um ato político em Belo Horizonte, e visita a duas cidades governadas por petistas: Contagem, na região metropolitana, que tem Marília Campos como prefeita, e Juiz de Fora, na Zona da Mata, comandada por Margarida Salomão. Até agora, no entanto, não há confirmação de agenda com Kalil. Os petistas dizem que foi feito um convite ao ex-prefeito de BH para uma reunião a portas fechadas com Lula,mas o pré-candidato a governador nega.

Segundo maior colégio eleitoral do país, com mais de 15 milhões de eleitores, Minas é uma peça-chave para as eleições de outubro. Foi lá que Jair Bolsonaro (PL) venceu Fernando Haddad (PT) com 58,19 % dos votos válidos, acima do percentual nacional, e ainda conseguiu eleger Romeu Zema (Novo), atualmente favorito nas pesquisas. Desde a redemocratização, nenhum presidente conseguiu se eleger sem vencer no estado.

Lula tem defendido a ideia de não lançar um candidato próprio do PT no estado, já que o partido não tem nenhum nome competitivo para bater de frente com Zema. A apoiadores, o ex-presidente lembra o desempenho “vexatório” da sigla nas eleições municipais de Belo Horizonte, quando o ex-deputado federal Nilmário Miranda terminou a disputa com 1,88% dos votos.

Além de Minas, o PT também tem um imbróglio envolvendo o palanque do Rio, onde a sigla apoia a candidatura de Marcelo Freixo (PSB), mas se opõe à escolha de Alessandro Molon (PSB) para o Senado. Os petistas querem emplacar o deputado estadual André Ceciliano.

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