Ex-presidente e pré-candidato ao Planalto pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva
Reprodução/TV PT
Ex-presidente e pré-candidato ao Planalto pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva

Durante seu discurso no ato das centrais sindicais no 1º de Maio, cenário onde costuma jogar "em casa", Lula se viu obrigado a pedir desculpas aos policiais pela gafe cometida no dia anterior - quando, para criticar a política armamentista de Jair Bolsonaro, afirmou que o presidente "não gosta de gente, mas gosta é de policial".

Não foi o primeiro deslize do ex-presidente em sua pré-campanha. Nos últimos dois meses, declarações desastradas ou gestos que repercutiram mal trouxeram preocupação para sua equipe e foram exploradas nas redes sociais por adversários, principalmente por bolsonaristas. Além da gafe com policiais, o ex-presidente tema acumulado outros problemas na pré-campanha:

Ir à casa de parlamentares

 Em um encontro no dia 4 de abril na sede da CUT, Lula declarou que os trabalhadores e movimentos sindicais deveriam "mapear" o endereço de cada deputado e comparecer em sua porta, com um grupo de 50 pessoas, para "incomodar" a sua "tranquilidade".

A fala foi criticada por parlamentares, em especial bolsonaristas, que falaram em se armar caso militantes apareçam em suas casas. Quatro dias depois, ele reafirmou a declaração, mas pontuou que as pessoas deveriam agir "de forma civilizada":

"Ao invés de gastar uma fortuna indo para Brasília fazer protesto, todo deputado mora numa cidade. Então não custa nada o povo que está reivindicando, ir na porta da casa deles conversar de forma civilizada. Esse deputado que, durante as eleições, fala que adora o povo, anda de carro aberto. Ora, por que depois de eleito, o povo passa a ser estorvo?", disse Lula.

Aborto

Em 5 de abril, Lula declarou que o aborto "deveria ser transformado numa questão de saúde pública e todo mundo ter direito". À parte o mérito da declaração que toca num problema social grave para as mulheres brasileiras, especialmente as mais pobres, a frase foi considerada dentro do PT um erro estratégico no período eleitoral, por supostamente dar espaço para o ataque bolsonarista no campo dos valores morais.

Dias depois, Lula voltou ao tema e se declarou pessoalmente contra o aborto, ressaltando que a sociedade precisa "transformar essa questão em saúde pública".

Politicamente incorreto

Em entrevista a jornalistas e youtubers em São Paulo, Lula reclamou do politicamente correto, dizendo que o Brasil "está chato para cacete". Numa declaração que fez lembrar Bolsonaro e que entra em choque com o defendido pela maioria da militância de esquerda, o petista defendeu que se façam piadas, por exemplo, sobre nordestinos.

"Queremos um mundo multipolar, que tenha 500 pessoas discutindo na mesa. Aí sim a gente vai ter um mundo feliz. O cara contando piada de nordestino e eu rindo. Eu contando piada de outras pessoas e as pessoas rindo" , afirmou.

Relógio caro

Em março, os perfis de Lula nas redes publicaram uma foto dele em um discurso em que ele aparece usando um relógio da marca Piaget, com valor em torno de R$ 80 mil. A imagem foi explorada por adversários, apontando suposta "hipocrisia" do ex-presidente.

Depois da repercussão, outros petistas publicaram a foto cortando o relógio do enquadramento. Dias depois, o presidente afirmou que o relógio foi um presente ganho quando ainda era presidente, e brincou para minimizar o episódio. "Dizem que vale R$ 100 mil, é bom que já banca a campanha".

Crise na comunicação

Ainda bem antes do início da campanha formal, o time de Lula passa por uma crise no comando da Comunicação da pré-campanha. Comandado pelo jornalista e ex-ministro Franklin Martins, próximo de Lula e distante o PT, o setor virou alvo de críticas do partido.

Dirigentes criticaram internamente os textos das primeiras inserções televisivas do ex-presidente, alegando que as falas mostravam pouca conexão com o eleitorado mais popular, uma das principais características de Lula.

A crise custou a demissão do marqueteiro Augusto Fonseca, que foi substituído por Sidônio Palmeira e também deve acarretar o afastamento de Franklin Martins da pré-campanha.

Ato esvaziado

Num palco tradicional para o PT, a pré-campanha de Lula não conseguiu reunir público para a manifestação na Praça Charles Miller, em frente ao Pacaembu, em São Paulo.

Mesmo como atrações musicais como a cantora Daniela Mercury, a praça esteve vazia, e Lula precisou adiar em algumas horas sua entrada no palco para que chegasse mais gente ao local. A campanha terá nova oportunidade de tentar mostrar força no lançamento oficial da chapa Lula-Alckmin, previsto para o próximo dia 7.

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