Polícia Federal exonerou um delegado de postos-chave por mês
Reprodução: iG Minas Gerais
Polícia Federal exonerou um delegado de postos-chave por mês

Depois de reclamar nos dois primeiros anos de governo de não conseguir influir nas nomeações de cargos de direção na Polícia Federal, o  presidente Jair Bolsonaro (PL) tem conseguido consolidar trocas em postos-chave.

Em alguns casos, as mudanças têm como alvo delegados cuja conduta profissional desagradou ao governo; só este ano já foram oito exonerações, uma média de uma por mês desde que o atual diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, assumiu o cargo.

Para o diretor da Associação Nacional de Delegados da Polícia Federal (ADPF), Edvandir de Paiva, os episódios de remoção de delegados da Polícia Federal têm se repetido de forma “estranha” e “preocupante” nos últimos meses.

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Paiva vem recebendo queixas de colegas sobre o temor de represálias pela atuação em investigações consideradas delicadas para o governo Bolsonaro.

"Esses fatos estão ficando mais recorrentes e incomodam demais. Os delegados estão extremamente indignados e insatisfeitos com toda essa situação. A única solução para resolver isso é a aprovação de leis que protejam a autonomia da PF", avaliou Paiva.


Saiba quais são os delegados que perderam seus postos:

  • Ricardo Saadi: Teve sua substituição anunciada em agosto de 2019 após ser alvo de intrigas de policiais bolsonaristas no Rio de Janeiro. Era superintendente da Polícia Federal no estado.
  • Maurício Valeixo: Demitido por defender Saadi, Valeixo contradisse o presidente ao dizer que a demissão de seu companheiro não havia sido por produtividade. Era diretor-geral da PF no Rio.
  • Rubens Lopes da Silva: Por ser o chefe da Divisão de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente, Rubens investigou os escândalos de corrupção que teriam o envolvimento do ministro Ricardo Salles. Foi o delegado responsável pela Operação Akuanduba.
  • Alexandre Saraiva: Responsável pela investigação contra Ricardo Salles - então ministro do Meio Ambiente -, o delegado do Amazonas relacionou o político bolsonarista com um grupo que exportava madeira da Amazônia de maneira ilegal.
  • Franco Perazzoni: Após negar um acesso à cúpula da PF eo inquérito que investigava Salles, teve sua ida para chefiar o combate ao crime organizado no Distrito Federal negada pelo Planalto.
  • Fernando Moraes Chuy: Servidor retirado do comando da Coordenação de Enfrentamento ao Terrorismo. Saída ocorreu após uma crítica a um projeto do deputado da base governista Major Vitor Hugo (PSL-GO).
  • Hugo Correia: Demitido por dar excessiva liberdade aos seus subordinados, que avançavam em investigações contra o presidente. Era superintendente da PF no Distrito Federal.
  • Thiago Leão: Integrante da cúpula que investigava Salles, Leão foi o delegado responsável pela Operação Handroanthus - maior apreensão de madeira ilegal da história da Polícia Federal.
  • Silvia Amelia da Fonseca: Responsável pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), participou do processo de extradição do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos.
  • Dominique de Castro Oliveira: Servidora responsável pelo pedido de prisão de Allan dos Santos, acabou retirada do quadro onde atuava na Interpol.

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