Jair Bolsonaro é entusiasta do uso de cloroquina
O Antagonista
Jair Bolsonaro é entusiasta do uso de cloroquina

Como forma de justificar a aquisição de cloroquina em 2020 por parte do Exército e o aumento expressivo da produção do medicamento em laboratórios militares, a Força enviou à CPI da Covid um novo documento afirmando que no início da pandemia o fármaco era estudado como uma possível alternativa de resposta aos sintomas da infecção pelo coronavírus e por isso havia uma "corrida mundial" em busca de insumos para sua produção. As informações são do Uol .

Produzido em laboratórios militares até 11 vezes mais em comparação com três anos antes, a cloroquina e sua principal derivação, a hidroxicloroquina , não têm eficácia científica comprovada no tratamento da covid-19 . Os laboratórios do Exército já produziam o medicamento (também utilizado contra malária na região amazônica). O que ocorreu, portanto, foi o impulsionamento da produção, que exigiu a compra do insumo-base (IFA, Ingrediente Farmacêutico Ativo). Meses depois, o presidente celebrou na internet os resultados da iniciativa: 500 mil comprimidos por semana.

O Exército não cita, na resposta enviada aos senadores da comissão, a ordem que o presidente  Jair Bolsonaro (sem partido) disse ter dado naquele em março de 2020 para que a produção de cloroquina fosse acelerada dentro da estrutura militar (Exército, Marinha e Aeronáutica).

Na ocasião, Bolsonaro —que é entusiasta do medicamento— publicou um vídeo nas redes sociais no qual declarou ter ordenado o aumento da produção.

Em outro ofício remetido anteriormente à Comissão Parlamentar de Inquérito, o Exército já havia confirmado que a produção de cloroquina disparou durante a pandemia.

Em 18 de março de 2020, começaram a surgir as primeiras publicações científicas internacionais que apontavam na direção do tratamento com antimaláricos, como a da Cell Discovery, provocando uma verdadeira corrida mundial em busca do difosfato de cloroquina, Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) para a produção de cloroquina

As unidades do LQFEX (Laboratório Químico Farmacêutico do Exército) geraram 3.329.910 comprimidos de cloroquina de 150 mg no ano passado. O documento também informa que as instalações deixaram de trabalhar em 2018 e 2019 porque não houve demanda. Ou seja, somente o estoque de 2017 (259.470) foi capaz de atender a 24 meses de consumo.

À época, o Ministério da Saúde era comandado por  Luiz Henrique Mandetta . De acordo com o ofício do Exército, o pedido para aumentar a produção de cloroquina partiu da pasta. Diz ainda que o pleito foi encaminhado "no início da pandemia", mas não fixa uma data.

O incentivo do poder público ao uso dessa substância, alçada ao posto de política pública de enfrentamento à pandemia, é um dos principais pontos de interesse da CPI. O assunto também é investigado no âmbito do TCU (Tribunal de Contas da União) . Há suspeitas de que a compra dos insumos pode ter sido superfaturada.

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