Para senadores da oposição, a reforma aprofunda desigualdades e criminaliza servidores. Os demais parlamentares dizem que é preciso corrigir distorções
Edilson Rodrigues/Agência Senado
Para senadores da oposição, a reforma aprofunda desigualdades e criminaliza servidores. Os demais parlamentares dizem que é preciso corrigir distorções


Assim que o governo apresentou detalhes da reforma administrativa a ser enviada ao Congresso Nacional nesta quinta-feira (03), senadores comentaram a proposta nas redes sociais. 


Os oposicionistas disseram que a iniciativa aprofunda as desigualdades e criminaliza servidores. Os demais parlamentares defenderam a necessidade de correção de distorções na administração pública, a fim de que o serviço fique mais produtivo e menos oneroso aos contribuintes. 

Professor de direito administrativo, o senador Antonio Anastasia (PSD-MG) elogiou o governo , visto que, na opinião dele, a atual gestão pública brasileira está muito atrasada, ainda no século 19. Segundo o parlamentar, todos os especialistas concordam que já passou da hora de haver mudanças. 

"O primeiro passo para uma gestão moderna é termos uma conjunto normativo que permita essa modernização. A administração não é estática. Em determinado momento, deve haver um freio de arrumação [...] Se tivéssemos feito isso há 20 anos o Brasil estaria hoje em outra posição", avaliou o senador em vídeo no Twitter. Ele considerou ainda acertada a decisão do governo de deixar de fora os atuais servidores. 

Os senadores Marcos Rogério (DEM-RO) e Lasier Martins (Podemos-RS) também mostraram-se a favor da reforma . Para eles, será um passo importante na retomada do crescimento do Brasil no pós-pandemia e também para melhorar a eficiência da máquina pública. 

"Saúdo o envio hoje pelo governo da PEC da Reforma Administrativa. É mais do que necessário fazer uma profunda reforma do Estado brasileiro, tanto para reduzir seu peso no bolso do contribuinte quanto para torná-lo eficiente e justo ", afirmou Lasier. 

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Críticas

O senador Jean Paul Prates (PT-RN) disse que a reforma reforça a narrativa pró-mercado de culpar os servidores pelo custo do Estado, mas poupa justamente os mais privilegiados, como juízes, parlamentares, promotores e militares. 

Segundo ele, a  máquina pública brasileira é menor que a da média dos países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, 15,2 % da população trabalha para o governo e, no Reino Unido, esse percentual chega a 16,4%. No Brasil, o índice é de 12,1 % . O parlamentar disse ainda que metade dos servidores ganha menos de R$ 2,7 mil por mês. 

"O ministro Paulo Guedes erra cotidianamente nas previsões econômicas e tenta transformar o servidor público em responsável por uma catástrofe que o governo está produzindo. Segundo o Ipea, o Brasil tem cerca de 11,5 milhões de funcionários públicos, a maior parte empregados em áreas sociais e vitais para a população como a educação e a saúde", avaliou. 

Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que haverá aprofundamento das desigualdades no setor público, sem a redução de gastos, visto que a reforma não toca os privilégios. 

"Compreendemos a necessidade de uma mudança no setor, mas esta que está sendo proposta trata os desiguais de forma igual e reproduz desigualdades. Não toca uma vírgula sobre os privilégios no topo das carreiras da magistratura, do Poder Executivo, do Ministério Público e até do Legislativo. Não reduzirá em nada o gasto público", opinou, também em vídeo. 

Para Randolfe, se o Parlamento quiser fazer alguma mudança, primeiro terá que dar o exemplo , reduzindo as vebas indenizatórias dos gabinetes e a estruturas gigantescas do Senado e da Câmara. "Não podemos mudar a estrutura dos outros, sem mudar primeiro as nossas ", afirmou. 


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