Nesta sexta-feira (03), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso falou sobre o panorama político nacional em meio à pandemia do novo coronavírus ( Covid-19 ), a falta de lideranças,se apoia ou não que Jair Bolsonaro passe por um processo de impeachment e muito mais. As informações são de Tales Faria.

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FHC
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Ao falar sobre a intenção de Bolsonaro de reabrir o comércio, FHC  chamou a visão do mandatário de "tosca". "Ele tem um raciocínio de alguém que tem todos os poderes na mão, não é assim. O presidente tem que seguir a constituição, o poder é limitado, tem o congresso, o supremo e a influência da mídia, que é enorme... eu acho que é uma visão um pouco tosca do que seja função de um presidente. Eu tenha a impressão que o presidente Bolsonaro sentiu o drama que é ver o sonho dele desaparecendo".

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Falando sobre as divergências entre o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e Bolsonaro, o ex-presidente declara: "Eu acho realmente inaceitável, eu não conheço o Mandetta, mas ele tem feito o que é possível. Ele fala com pessoas normais, ele é concreto, ele diz coisas sensíveis para a população. Ele [Bolsonaro] pode demitir quem ele quiser, mas vai fazer isso nesse momento? Criar uma inquietação em um ministro que está indo bem? O Bolsonaro disse que foi atleta e, na verdade, ele é ainda. Só que ele faz atletismo agora criando onda para ele navegar... e nós vamos juntos". 

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Indagado se apoia ou não que Jair Bolsonaro passe por um processo de impeachment, o pensador não pestaneja. "As consequências de um impeachment são muito delicadas. No caso atual não há motivos para criminalizar, como se fosse contra a constituição. Enquanto ele for o presidente ele será o presidente. Até tenho uma simpatia pelo vice, nos conhecemos em Harvard. Ele é normal, melhor ter alguém normal do que alguém que vive perdendo a rédea. Bom mesmo para o Brasil seria que o Bolsonaro entendesse o papel dele e parasse com esses movimentos bruscos". 

Ainda abordando o mesmo assunto, ele cita a crise de Covid-19 que o Brasil está vivendo. "Nós não chegamos no auge do novo coronavírus (Sars-coV-2). Comparando aos outros países, aqui está leve. Eu tenho duas netas que pegaram o vírus. Eu tenho medo é quando [a doença] chegar nas classes populares, porque elas tem menos defesa, e aí, o que nós vamos fazer?
Nessa hora, é hora de coesão. Por exemplo, você levantar uma questão [o impeachment] não vai sair coesão, vai dar divisão. Agora, se ele perder as condições de governar o que nós vamos fazer?".

Questionado se enxerga Hamilton Mourão - vice-presidente de Bolsonaro - como um bom presidente da república, mesmo que em um futuro próximo, Fernando Henrique dispara: "Ele é um homem sensato, pelo o que vi da conferência dele em Havard. É um homem que tem experiência, mas não sei se será um bom presidente, ele tem que provar". 

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Por fim, o FHC refletiu sobre como a postura de Bolsonaro deixa o panorama sem lideranças aparentes. "Estamos vivendo um momento difícil de falta de liderança, não é que não existam líderes, você mencionou [repórter] aqui o Joao Dória, o Eduardo Leite, não conheço todos... e o Lula, de alguma maneira, matou a esquerda. Quem olha a esquerda não vê nada, ficou só ele. Além disso, essas novas forças, como o Luciano Huck, nessa hora de crise eles tem menos a dizer".

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