BRASÍLIA - Em delação premiada homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), o lobista Daniel Gomes afirmou ter pago R$ 115 mil de caixa dois em 2018 para a campanha eleitoral do atual governador do Rio Wilson Witzel (PSC) por meio de um suposto representante de sua campanha. Witzel nega as acusações e afirma que sua campanha não teve caixa dois.

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Wilson Witzel
Reprodução/TV Globo
Wilson Witzel


Ex-conselheiro da Cruz Vermelha e com atuação na área da saúde, Gomes fez um acordo de delação que resultou na prisão do ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB) na Operação Calvário — ele já foi após uma decisão do STJ. Trechos do seu relato foram divulgados nesta sexta-feira pelo site "Crusoé" e confirmados pelo GLOBO.

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Segundo o relato de Daniel Gomes, o acerto para o caixa dois de Witzel foi feito com Robson dos Santos França, um assessor do então deputado federal Arolde de Oliveira (PSD-RJ), hoje senador. O delator não afirma ter negociado diretamente com Witzel os repasses.

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"Robson me disse que estava trabalhando na campanha de Wilson Witzel, pois o então deputado Arolde de Oliveira, da bancada evangélica, o estava apoiando e havia também de forma surpreendente sido eleito Senador da República", afirmou. Robson, então, teria solicitado contribuição financeira para a campanha de Witzel, afirma o delator.

Como prova, o delator entregou imagens de trocas de mensagens com Robson nas quais havia suposto acerto dos pagamentos. "Eu resolvi atender o pedido e durante a campanha do segundo turno paguei a Robson o valor total de R$ 115 mil reais em espécie (doação não oficial), divididas em 3 parcelas, todas pagas pela minha secretária Michelle Louzada, destinados à campanha de Witzel", diz trecho da delação.

Homologado pelo STJ, o relato envolvendo Witzel foi enviado para investigação no Rio de Janeiro. Como o assunto se refere a caixa dois, o caso deve tramitar na Justiça Eleitoral.

Procurada, a assessoria do governador negou o recebimento de caixa dois e disse que Robson não trabalhou na campanha de Witzel. "Robson dos Santos França, assessor do senador Arolde de Oliveira citado na referida delação, não trabalhou na campanha do governador Wilson Witzel. Todas as informações sobre a campanha foram prestadas à Justiça Eleitoral e as contas foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral. A campanha de Wilson Witzel não teve caixa dois e o governador condena tais práticas", diz a nota.

França não foi localizado para comentar. O senador Arolde de Oliveira se disse "preplexo" e afirmou que Robson França foi exonerado do seu gabinete.

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— Estou perplexo. Não poderia imaginar se tratar de delinquente achacador. Também não participei da campanha do governador. Ou melhor, gravei para a internet apenas uma mensagem de apoio — afirmou o senador.

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