Em resposta às novas sanções contra o Irã anunciadas por Donald Trump na segunda-feira, que miram o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei , o presidente Hassan Rouhani ironizou, chamando a Casa Branca de "retardada mentalmente" e as imposições , que terão poucos efeitos práticos, de "ultrajantes e idiotas".

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 "As ações da Casa Branca significam que ela é retardada mentalmente"m disse Rouhani. "A paciência estratégica de Teerã não significa que temos medo", completou o desafeto de Trump .

Na segunda-feira, o presidente americano assinou uma ordem executivaque impõe uma série de restrições a Khamenei , como o congelamento dos bens do líder supremo, o bloqueio a fontes externas de financiamento e a proibição de sua entrada nos Estados Unidos. O Tesouro ainda ameaça punir instituições financeiras e pessoas que tenham qualquer ligação com a liderança iraniana. As medidas, contudo, terão impacto limitado, já que Khamenei nunca viaja para fora do país e o conglomerado que controla tem pouca confiança nos serviços bancários internacionais.

Além de Khamenei, oito comandantes da Guarda Revolucionária , também foram sancionados. O grupo, entretanto, foi considerado uma organização terrorista por Washington em abril e, desde então, seus membros já estavam proibidos de entrar nos Estados Unidos e de fazer negócios com os americanos.

De acordo com o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, o chanceler do Irã, Javad Zarif , um dos principais negociadores doacordo nuclear que os americanos abandonaram em 2018, também será atingido por punições no final desta semana. Educado nos Estados Unidos, o chanceler é considerado um moderado —  tipo de figura que os governos americanos anteriores buscaram cultivar — e lidera as negociações diplomáticas do país.

"Impor sanções inúteis ao líder supremo do Irã e ao comandante da diplomacia iraniana é fechar permanentemente o caminho da diplomacia", disse o porta-voz da Chancelaria Iraniana, Abbas Mousavi, em sua conta do Twitter.

Segundo Abbasali Kadkhodaei, porta-voz do Conselho dos Guardiões, órgão que supervisiona o trabalho de autoridades eleitas no país, as restrições são "uma clara violação da soberania do Irã e contra as normas internacionais". Sob o sistema político iraniano, o consentimento de Khamenei, líder político e espiritual, é necessário para abrir qualquer conversa diplomática.

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Trump afirmou que as sanções são uma resposta ao que chamou de "comportamento agressivo " do Irã nas últimas semanas, citando, entre elas, a derrubada de um drone americano na semana passada. O episódio veio dias depois de os EUA culparem o país persa por ataques a dois navios no Estreito de Ormuz , região por onde passa cerca de 30% de todo o petróleo comercializado no mundo.  Em resposta, Donald Trumpautorizou um bombardeio a alvos iranianos, que teria sido cancelado pelo presidente dez minutos antes de seu início, após saber que cerca de 150 pessoas morreriam no ataque.

As imposições vão contra a retórica oficial americana, que diz buscar uma solução para a crise por meio do diálogo. Na manhã desta terça-feira, John Bolton, conselheiro de Segurança Nacional, ressaltou a disposição de dialogar desde que o Irã esteja de acordo com uma renegociação dos termos do acordo nuclear, abandonado por Trump no ano passado. Pelo tratado, o Irã se comprometia a limitar seu programa nuclear em troca do alívio das sanções:

"O presidente tem mantido a porta aberta para negociações reais que eliminem completamente e de modo verificável o programa nuclear iraniano, sua busca por sistemas de mísseis, seu apoio ao terrorismo internacional e outros comportamentos malignos pelo mundo.", disse Bolton. "Tudo que o Irã precisa fazer é caminhar por esta porta aberta", explicou.

Na manhã desta terça, Zarif disse o governo iraniano não tem quaisquer pretensões de construir armas nucleares, reforçando a posição do país persa de que seu programa atômico tem fins unicamente energéticos. Em comentário direcionado aos americanos, o chanceler relembrou os bombardeios às cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki durante a Segunda Guerra Mundial, em 1945.

"Vocês estava realmente preocupado com 150 pessoas? Quantas pessoas vocês mataram com armas nucleares? Quantas gerações vocês dizimaram com essas armas?", disse Zarif, direcionando-se aos americanos, segundo a agência Irib. "Somos nós que, devido às nossas crenças religiosas, nunca buscaremos uma arma nuclear."

A localização exata do drone abatido na semana passada é um elemento-chave para determinar a culpa pelo evento da semana passada. Os americanos alegam que seu aparelho de espionagem foi abatido em águas internacionais, o que caracterizaria uma agressão iraniana. O Irã, contudo, diz que o equipamento sobrevoava seu território e que foram emitidos dois alertas não respondidos antes do abate. Segundo Teerã, a derrubada de um avião militar com 35 tripulantes, que acompanhava o drone, não foi autorizada.

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Nesta terça-feira, a Rússia alegou possuir Inteligência militar que comprovaria o argumento iraniano: "Tenho informações do ministério russo da Defesa de que o drone estava no espaço aéreo iraniano", disse Nikolai Patrushev, secretário do Conselho de Segurança russo, durante uma reunião de segurança em Jerusalém.

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