Convocada via redes sociais, a  manifestação deste domingo (26) em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi organizada em contraponto à que ocorreu dia 15, contra os cortes na Educação feitos pelo presidente.

Das maiores motivações por trás do ato, arepulsa já crescente ao "centrão" — as bancadas no Congresso sem orientação política clara e que se mantêm no cargo há décadas — explodiu na semana passada, quando Bolsonaro compartilhou em suas redes sociais a "carta bomba". Acuado, Jair Bolsonaro culpou o Congresso e os interesses das grandes corporações por não conseguir passar as medidas que prometeu em campanha. O judiciário também é alvo dos bolsonaristas. Cartazes no ato deste domingo indentificam os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como "bandidos" e "traidores".

Ericon Mateus,  21, diz que veio sozinho à manifestação. Segurando uma placa onde se lia "Larga esse ódio e venha amar o Guedes", o jovem resumiu as pautas que uniam os discursos simultâneos dos seis carros de som: "Queremos a CPI da Lava Toga, a Reforma da Previdência, o Pacote Anticrime e a redução dos ministérios [Medida Provisória 870]".

"Estamos aqui para mostrar que não precisamos do Congresso para aprovar nada.  As leis são o povo que decide", concluiu Ericon. 

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Abaixo ao centrão!

Faixas e cartazes improvisados feitos pelos manifestantes pediam o fim do centrão no Legislativo, o fim do STF e até mesmo o fechamento do Congresso. Tudo para que as medidas propostas pelo governo de Jair Bolsonaro fossem em frente.


Acompanhando o carro de som do Despertar Patriótico, o veterano do Exército — e também youtuber — Douglas Silva, 38, conta que o "centrão" no Congresso é o maior impedimento para que Bolsonaro comece a governar como prometeu. Esperançoso, porém, Douglas diz acreditar que a reforma da Previdência, a instauração da CPI da "Lava Toga" e  o Pacote Anticrime de Moro serão realidade ainda neste ano.

Ave império!

Depois de tocar no último volume uma versão pró-Bolsonaro de Bella Ciao — canção símbolo da luta contra o fascismo na Itália de Mussolini —, o carro de som do Movimento Brasil Conservador anunciou que "um dos fundadores do canal Terça Livre", seria o próximo a discursar. 

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Bandeiras do império dividiam espaço com retratos de Olavo de Carvalho e do presidente Jair Bolsonaro
João Cesar Diaz
Bandeiras do império dividiam espaço com retratos de Olavo de Carvalho e do presidente Jair Bolsonaro


"Viva o imperador!" — "Viva o Dom Luiz! A bandeira do império voltará a tremular!", foi assim que o youtuber finalizou seu discurso a favor das reformas propostas pelo governo.

O canal, que caiu nas graças de Bolsonaro, foi um dos que o entrevistaram em setembro do ano passado junto a alguns outros youtubers que o presidente recomendou como "excelentes canais de informação"

"Luto pela monarquia constitucional parlamentarista", explica Eliéser de Almeida, 31. Ele e sua mulher, Rosângela Vargas, 53, compareceram a todas manifestações pró-Bolsonaro desde 2015. "Bolsonaro é o primeiro passo", diz. "Quando a monarquia voltar ele será um primeiro-ministro ou algo do tipo."

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Não queremos MBL

A ausência do Movimento Brasil Livre, que lançou figuras como Kim Kataguiri e Arthur do Val (do canal MamãeFalei), na manifestação foi tema de chacota nos discursos de todos os carros de som. "Não precisamos de MBL",  exclama a youtuber Paula Marisa. "Não precisamos do Centrão!"

"Movimento bunda livre! Bunda Livre!", cantavam os manifestantes.

De fora do ato, o MBL não quis se misturar à manifestação que pedia o fim do STF e o fechamento do Congresso. "Obviamente, tais pautas antirrepublicanas não são compartilhadas pelo MBL, e pelo bem das reformas e do país ficaremos de fora deste ato", divulgou, em nota no Facebook, o MBL.

Espetáculo

"Sempre venho na Paulista, ou em shows vender minha mercadoria. A Heineken está saindo muito", diz, contente, o ambulante Erasmo Rodrigues, 36. "É minha primeira vez numa manifestação. Só vim porque sabia que não teria polícia, bala de borracha, essas coisas."

Das saídas da estação do Metrô Trianon-Masp não paravam de sair gente com vestidas à caráter (verde-amarelo).  "Bandeira do Brasil no desconto! R$ 5 aqui!", anunciava o ambulante que montou seu ponto de venda encostado às escadas rolantes do Metrô.  O vendedor não deu muita sorte, porém. A atenção do pessoal recém-chegado na manifestação já tinha dono. 

Em um tatame de borracha um homem vestido de esqueleto trocava golpes com outro lutador. O show da trupe "Crazy Freestyle Wrestling"  também juntava parte das dezenas de manifestantes que percorriam a Paulista de um carro de som para o outro.

Golpe que tirou o cinturão do Homem-Esqueleto
João Cesar Diaz
Golpe que tirou o cinturão do Homem-Esqueleto


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