Pesquisas eleitorais têm indicado iminência de segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT)
Nelson Jr./ ASICS/ TSE
Pesquisas eleitorais têm indicado iminência de segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT)

A campanha para as eleições de 2018 tem sido cenário para recorrentes questionamenstos a respeito da credibilidade das  pesquisas eleitorais que registram as intenções de voto dos eleitores.

Nessa sexta-feira (29), o candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse, durante entrevista à TV Band , que "não aceita resultado diferente" de sua eleição . A declaração amplia discurso que tem sido adotado por aliados do ex-capitão do Exército, que criticam as pesquisas eleitorais e se mostram confiantes de que Bolsonaro vencerá a disputa já na votação do próximo domingo (7). 

"A pesquisa é mentirosa. Mandraque. A eleição vai se definir no primeiro turno", disse na semana passada o senador Magno Malta (PR-ES) sobre levantamento Ibope que mostrava Bolsonaro na liderança da corrida eleitoral, com 28% das intenções de votos, seguido por Fernando Haddad (PT), então com 19%.

Em entrevista ao iG no fim do mês passado , o professor Sérgio Praça disse que as eleições deste ano têm escancarado que há crise de credibilidade dos institutos tradicionais de pesquisas, um fenômeno que cresceu após a inesperada vitória de Donald Trump nos Estados Unidos e de erros em eleições recentes no Brasil.

"Houve erros razoáveis nas pesquisas para a campanha de 2014 e essas discrepâncias são um 
sinal amarelo para os institutos de pesquisa. Não necessariamente por um caráter malicioso deles, não acredito nisso de jeito nenhum. Mas os erros na pesquisa eleitoral minam a credibilidade dos institutos", afirmou o professor, que atua no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getulio Vargas (CPDOC-FGV).

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Pesquisas eleitorais erraram em 2014 e em 2016

Vitória de João Doria no primeiro turno da disputa para a Prefeitura de São Paulo não era prevista pelas pesquisas eleitorais
Reprodução/Facebook
Vitória de João Doria no primeiro turno da disputa para a Prefeitura de São Paulo não era prevista pelas pesquisas eleitorais

Nas eleições de 2014, levantamentos realizados por institutos como o Datafolha e o Ibope indicavam a iminência de disputa no segundo turno entre Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (Rede). O candidato que efetivamente avançou ao segundo turno contra a petista, Aécio Neves (PSDB), tinha entre 14% e 17% das intenções de voto nas pesquisas, mas acabou recebendo 33,6% dos votos válidos no primeiro turno.

Outra discrepância grande entre o verificado nas pesquisas e o que efetivamente aconteceu nas urnas veio dois anos mais tarde, nas eleições municipais de 2016. Em São Paulo, o candidato a prefeito João Doria (PSDB) tinha 38% das intenções de voto em pesquisa Datafolha divulgada no dia anterior à votação. O tucano, no entanto, foi eleito ainda no primeiro turno, com 53% dos votos válidos.

O Ibope, em nota, explica que o objetivo de uma pesquisa eleitoral "não é antecipar os resultados da eleição, mas sim o de mostrar o cenário no momento em que foi realizada. A pesquisa é uma fotografia do momento e não tem o poder e nem a intenção de prever o resultado de uma eleição. Por isso, seus resultados não podem ser usados para prever o resultado das urnas".

Amostra do quanto as pesquisas eleitorais não desfrutam de grande prestígio nessas eleições, até mesmo adversários de Bolsonaro, como Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) , também já relativizaram, ao longo de suas campanhas, a eficácia dos levantamentos em antecipar o resultado das urnas. "Pesquisa é o retrato de um momento. E a vida não é um retrato, a vida é um filme. Elas estão revelando basicamente uma coisa: o eleitorado brasileiro está em revolução. Nós temos uma sucessão presidencial absolutamente exótica. [...] Ninguém está apaixonado, está todo mundo procurando", disse Ciro em entrevista concedida neste mês.

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