PGR acusa Aécio Neves de tentar obstruir investigações; senador diz que denúncia é
Pedro França/Agência Senado - 2.5.16
PGR acusa Aécio Neves de tentar obstruir investigações; senador diz que denúncia é "desprovida de fundamento"

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) reconheceu que "cometeu erros" e disse que "foi ingênuo" ao aceitar empréstimo de R$ 2 milhões do empresário Joesley Batista, da JBS. Apesar disso, o segundo presidenciável mais votado nas eleições de 2014 garantiu que "não cometeu nenhuma ilegalidade" e que não praticou "um ato sequer em favor da JBS".

A acusação de que o dinheiro recebido pelo tucano configura crime de corrupção passiva consta de denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) que será julgada nesta terça-feira (17) pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) . Além de Aécio Neves (que também é acusado por crime de obstrução à Justiça), também foram denunciados a irmã dele, Andrea Neves, seu primo Frederico Pacheco de Medeiros e o assessor parlamentar Mendherson Souza Lima, que trabalha para o senador Zezé Perrella (PSDB-MG).

Em artigo publicado nesta segunda-feira (16) no jornal Folha de S.Paulo , Aécio disse que foi pego em uma "armadilha montada por criminosos" e repetiu a versão de que pretendia vender um apartamento a Joesley para conseguir arcar com os custos de sua defesa na Operação Lava Jato.

"Errei em aceitá-lo. Mas não cometi nenhum crime. Não houve nenhum prejuízo aos cofres públicos. Ninguém foi lesado. Não houve vantagem indevida, e a própria Procuradoria-Geral da República indicou que não houve nenhuma contrapartida no caso. Fui ingênuo, cometi erros e me penitencio diariamente por eles. Mas não cometi nenhuma ilegalidade", escreveu o senador.

Além de dizer que se "penitencia diariamente" pelos seus "erros", Aécio afirmou que se "arrepende profundamente" das "brincadeiras injustificáveis e de enorme mau gosto", além do "vocabulário inadequado" utilizado no encontro que teve com Joesley num hotel em São Paulo. Foi nessa conversa, gravada pelo empresário e que embasa a denúncia da PGR, em que o senador sugere o envio de alguém que possa ser morto para retirar o dinheiro que Joesley estava emprestando ("Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação").

"Meu primo, Frederico, é uma pessoa absolutamente correta, íntegra e não tem nenhuma responsabilidade pelos fatos ocorridos. Limitou-se a me fazer um favor ao receber um empréstimo pessoal, a mim dirigido, que não tinha nenhuma vinculação com o cargo que ocupo. Reitero a ele e ao seu amigo Menderson, que o acompanhou, o meu pedido público de desculpas pelas consequências que eles e suas famílias vêm sofrendo", lamentou Aécio.

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Obstrução à Justiça

O senador também foi acusado de ter atuado para tentar obstruir a Justiça ao ter desempenhado "intensa atuação nos bastidores do Congresso Nacional" para impedir o avanço das investigações e a punição de políticos. A PGR também cita na denúncia a gravação de uma conversa entre o tucano e Joesley, na qual Aécio menciona suposta estratégia para direcionar as distribuições de inquéritos da Lava Jato para delegados pré-selecionados.

Aécio diz que essa acusação "é também desprovida de fundamento". "Acusam-me por votos que dei no Senado e por opiniões que externei em conversa particular, sem que tivessem nenhum desdobramento fático", disse o tucano.

Por fim, o parlamentar disse que não vai "esmorecer" e que "seguirá em frente". "Porque sei que a verdade vai prevalecer", escreveu.

No fim do mês passado, a atual chefe da PGR, Raquel Dodge, encaminhou manifestação ao Supremo defendendo que Aécio se torne réu . “O caráter de vantagem indevida dos valores solicitados por Aécio Neves e por Andréa Neves a Joesley Batista fica claro quando o senador afirma que a pessoa que iria receber as parcelas deveria ser alguém 'que a gente mata ele antes de fazer delação'”, frisou a procuradora-geral.

Responsável por decidir se Aécio Neves se tornará ou não réu em ação penal, a Primeira Turma do STF é composta pelo relator, Marco Aurélio, e pelos ministros Rosa Weber, Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.

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