PF encontra offshore em nome de familiares de Rocha Loures em paraíso fiscal

Documentos apontam que família de Loures possui empresa nas Ilhas Virgens Britânicas; prática costuma ser usada em lavagem de dinheiro

Rocha Loures se tornou pivô de crise do governo ao ser filmado em ação controlada recebendo mala com R$ 500 mil
Foto: Reprodução/PF
Rocha Loures se tornou pivô de crise do governo ao ser filmado em ação controlada recebendo mala com R$ 500 mil

A Polícia Federal encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) documentos que comprovam que o pai, a mãe e a irmã do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-R) possuem uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo .

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Na definição da organização Transparência Internacional, uma offshore trata-se de uma “sociedade limitada que não tem presença física na jurisdição, não tem funcionários e não tem atividade comercial”. Comumente abertas em paraísos fiscais, as offshores exigem pouca documentação sobre a origem do dinheiro, além de dificultar o rastreamento de seus beneficiários. São, por isso, costumeiramente utilizadas para lavar dinheiro e ocultar patrimônio.

Os documentos foram encontrados em São Paulo na sede da empresa Nutrimental, do pai de Rocha Loures, que produz barras de cereal. A empresa foi alvo de mandato de busca e apreensão após a divulgação do vídeo em que o ex-deputado e ex-assessor de Michel Temer aparece recebendo uma mala contendo R$500 mil reais.

O dinheiro foi entregue a Loures por um dos diretores da JBS, Ricardo Saud, e era supostamente destinado ao presidente Michel Temer.

Investigações podem atingir presidente

O ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, que foi também assessor especial do presidente Michel Temer, negou que tenha atuado em favor da Rodrimar, empresa que opera o Porto de Santos, e disse não ter relação de amizade com Temer.

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As declarações foram feitas em depoimentos prestados em novembro à Polícia Federal no âmbito do  inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura supostos crimes envolvendo o decreto dos Portos, assinado pelo presidente em maio do ano passado.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Temer teria recebido propina por intermédio de Rocha Loures para favorecer ilegalmente a empresa.  O inquérito é relatado no STF pelo ministro Luís Roberto Barroso e é o único processo contra o presidente que está em andamento atualmente.

Loures fez questão de inocentar Temer em seus depoimentos à PF, afirmando desconhecer qualquer ligação do presidente com o setor portuário. Segundo reportou o jornal Folha de S.Paulo, o ex-assessor também declarou que tinha com o presidente uma "relação de trabalho amistosa, não podendo afirmar que fosse uma relação de amizade".

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