'Se reforma da Previdência não for votada este mês, fica difícil', admite Temer

Presidente entende que, a partir de junho, Congresso deve, principalmente se voltar à questão eleitoral; para emedebista, governo conquistará os votos

'Eu conheço bem o Congresso Nacional', diz Michel Temer, sobre sua previsão a respeito da reforma da Previdência
Foto: Alan Santos/PR - 10.1.18
'Eu conheço bem o Congresso Nacional', diz Michel Temer, sobre sua previsão a respeito da reforma da Previdência

O presidente da República, Michel Temer (MDB), disse que o governo não pode ficar discutindo a reforma da Previdência ao longo de todo o ano e afirmou que, independentemente do resultado da votação, o tema precisa ia à pauta nas próximas semanas. pois ficará difícil continuar trabalhando o assunto após esse período.

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“Nós estamos chegando à conclusão de que não há como deixar esse tema permanentemente o ano todo”, disse Temer.  “Qual é a nossa tese? Isso [ reforma da Previdência ] tem que ser votado pelo menos em primeiro turno até o final de fevereiro, começo de março. Se não for votado, aí realmente nós reconhecemos que fica difícil”, completou.

A declaração de Temer foi feita durante uma entrevista do presidente à Rede TV , na noite desta segunda-feira (5). Na ocasião, o presidente aproveitou para reforçar que, a partir de junho, o Congresso deve se voltar principalmente à questão eleitoral e lembrar que o governo precisa tocar outras reformas.

“E temos que ir para outras pautas. Agora, se não votar [a Previdência], já fizemos [outras] reformas fundamentais para o país. E vamos continuar com a chamada simplificação tributária”.

Olhar positivo sobre a votação

Temer mencionou, durante a entrevista, a conta do governo, de que faltam cerca de 40 votos para chegar aos 308 necessários à aprovação da reforma.

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“São só 40 votos. Você sabe que essas coisas... no instante em que se pegue a onda de que pode aprovar, de que é necessário, isso traz os votos com muita facilidade. Eu conheço bem o Congresso, fui três vezes presidente da Câmara dos Deputados”, afirmou.

Ele lembrou ainda que há cerca de 70 deputados considerados indecisos, que podem ser convencidos a votar com o governo. A reforma está marcada para ir a plenário no dia 19 de fevereiro.

O presidente tem concedido entrevistas a programas de TV, como os de Silvio Santos e Ratinho, para convencer a população de que a reforma é importante para o país. Ele afirmou que a participação nesse tipo de programa ajuda muito. “Porque o comunicador tem a fidelidade do seu público. E, na medida em que ele dá um aval para aquilo que o governo está falando, tem grande significação”. Segundo o presidente, um público convencido da reforma torna mais fácil uma posição favorável dos deputados, menos pressionados.

CPI da Previdência

O presidente discordou do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Previdência Social, apresentado em outubro. O relatório diz que não há déficit na Previdência, e sim má gestão.

“Essa CPI é equivocada. Quem quiser, vá ao setor de Previdência do Ministério da Fazenda e verifique os dados”. O presidente disse que o déficit na Previdência chegou a R$ 268 bilhões no ano passado e que pode chegar a R$ 320 bilhões no ano que vem.

Reeleição

Perguntado sobre uma eventual candidatura à Presidência da República nas eleições deste ano, Temer afirmou que não pensa nisso. Prefiro que [as pessoas do seu partido] não pensem nisso”.

Ele disse ainda acreditar que sua esposa, a primeira-dama Marcela Temer, não gostaria que ele participasse de uma corrida eleitoral pela presidência e revelou que seu desejo é ser lembrado por esta gestão.

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“Meu desejo, e vou ser um pouco pretensioso, é fazer uma gestão histórica. De um presidente que pôs o País nos trilhos. Isso é mais que suficiente”. Para o emedebista, a aprovação da reforma trabalhista e, agora, da reforma da Previdência já são o suficiente para marcar sua passagem pelo Palácio do Planalto.

* Com informações da Agência Brasil.