Geddel foi preso por obstrução, ganhou direito à prisão domiciliar, mas voltou a ser encarcerado devido aos R$ 51 milhões
Reprodução/Justiça Federal do DF
Geddel foi preso por obstrução, ganhou direito à prisão domiciliar, mas voltou a ser encarcerado devido aos R$ 51 milhões

O ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) voltou a negar em depoimento prestado nesta terça-feira (6) ao juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, que tenha tentado intimidar a esposa de Lúcio Funaro, Raquel Pitta , para evitar que o lobista firmasse acordo de delação premiada. Geddel responde por tentativa de embaraço à Justiça nessa ação penal, que entrou hoje em sua reta final e deve ter a sentença proferida ainda neste mês.

A pedido da defesa de Geddel Vieira Lima , o magistrado de Brasília decidiu não autorizar a divulgação do vídeo da audiência do ex-ministro para preservar sua imagem por se tratar de réu preso. Segundo reportou o portal Uol, no entanto, o emedebista negou que suas ligações à esposa de Funaro tivessem como objetivo monitorar o "estado de ânimo" do lobista, conforme diz a denúncia contra ele. 

"Esses telefonemas amigáveis devem ter feito bem à senhora Raquel Pitta. Digo isso porque vejo hoje que amigos, pessoas, de longa data me lançaram em um vale dos leprosos", afirmou Geddel.

Também nesta manhã, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (MDB), foi ouvido por videoconferência como testemunha da defesa de Geddel, que acompanhou a audiência na sede da Justiça Federal em Brasília.

Após as audiências, o juiz Vallisney encaminhou a ação penal para sua reta final, abrindo prazo de cinco dias para a acusação e a defesa apresentarem suas alegações finais. De acordo com a assessoria da Justiça Federal no DF, a sentença desse processo deve sair em até 15 dias.

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Entenda o caso

denúncia contra o ex-ministro foi aceita pela Justiça em agosto do ano passado. Geddel foi acusado de praticar "intimidação indireta" contra Funaro por meio de seguidas ligações telefônicas para a esposa do lobista, Raquel Pitta.

A acusação é fundada em depoimentos e também em perícia realizada pela Polícia Federal no aparelho celular de Raquel, que identificou 17 contatos telefônicos com Geddel num período de apenas 19 dias. Destas ligações, 16 foram realizadas pelo ex-ministro.

Funaro prestou depoimento no âmbito dessa ação em novembro, pouco antes de ganhar o direito de deixar a penitenciária da Papuda para cumprir prisão domiciliar no interior de São Paulo. O lobista negou que sua esposa tivesse relatado ter sofrido algum tipo de ameaça do ex-ministro , mas disse que os reiterados contatos telefônicos feitos por Geddel a Raquel fizeram com que ele receasse retaliações dos "demais membros do primeiro escalão do governo".

Raquel, por sua vez, confirmou que Geddel ligava para ela com frequência, especialmente às sextas-feiras, que é o dia de visitas no complexo da Papuda, onde ela ia visitar Funaro. Apesar do cerco do ex-ministro, Raquel disse que imaginava que as ligações de Geddel tratavam-se apenas da preocupação natural de um amigo com outro.

"Ele [Geddel] nunca foi incoveniente. Muito pelo contrário. Ele sempre foi muito gentil, muito atencioso. Mas a ligação por trás podia ter esse interesse de saber como estava o Lúcio [Funaro]. Eu tinha uma percepção de que era uma coisa de preocupação com o amigo", disse.

As suspeitas de que Geddel estava tentando impedir o acordo de delação de Funaro levaram o ex-ministro a ser preso no meio do ano passado, mas ele ganhou direito à prisão domiciliar pouco tempo depois. Em setembro, no entanto, Geddel Vieira Lima voltou à prisão após a Polícia Federal localizar e apreender malas e caixas com R$ 51 milhões que estavam em apartamento usado por ele e por seu irmão, o deputado Lúcio Vieira Lima (MDB-BA).

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