Temer diz que seu governo "aguenta" Previdência sem reforma, mas próximos, não

Presidente disse que ainda vai decidir se levará proposta à votação na Câmara mesmo sem garantia de ter os votos necessários para a aprovação

Michel Temer tem concedido uma série de entrevistas para melhorar imagem e defender reforma da Previdência
Foto: Marcos Corrêa/PR - 1.2.18
Michel Temer tem concedido uma série de entrevistas para melhorar imagem e defender reforma da Previdência

Ainda com dificuldades em garantir apoio para a proposta de reforma da Previdência , o presidente Michel Temer disse nesta sexta-feira (2) que seu governo conseguirá resistir caso o pacote de alterações nas regras para a aposentadoria não seja aprovado, mas os seguintes, não. A justificativa do emedebista para esse entendimento é o crescente rombo do sistema previdenciário.

“Tenho mais 11 meses de governo. Eu aguento a Previdência. Houve um deficit de R$ 268 bilhões nesse ano que passou. A tendência é aumentar essa dívida previdenciária este ano, mas o meu governo aguenta. O que não vai aguentar são os próximos anos”, disse Michel Temer  em entrevista à Rádio Jornal , de Pernambuco.

O presidente também falou sobre a reforma ao jornal O Estado de São Paulo , defendendo que "já fez a sua parte" pelo projeto e que agora "é preciso convencer o povo". Temer reconheceu que suas  constantes aparições em programas de TV tiveram como objetivo diminuir a resistência popular à reforma.

A votação da PEC que muda as regras para acesso à aposentadoria foi inicialmente marcada para o dia 19 deste mês no plenário da Câmara dos Deputados. Temer, no entanto, disse ao Estadão que ainda irá se reunir com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para decidir se vale a pena levar o projeto à votação mesmo sem garantia de votos. 

“Vamos insistir muito na reforma da Previdência. Agora, de fato, é preciso ter votos. Nós temos duas, três semanas para fazer a avaliação se temos votos ou não e depois decidimos se vamos votar de qualquer maneira ou não”, disse o presidente.

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Batalha não é eterna, segundo ministro

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou nessa quinta-feira (1ª) que o governo entende ser necessário aprovar o projeto ainda neste mês. Apesar de também defender a insistência nessa pauta, Padilha disse entender que a busca por apoio não pode ser eterna.

“Nós temos uma batalha que deve ter um momento de parar. Na nossa visão, tem que ser em fevereiro. E faremos de tudo para termos os votos necessários”, declarou o ministro.

A reforma da Previdência precisa de ao menos 308 votos para ser aprovada no plenário da Câmara. De acordo com o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, o Planalto já conseguiu assegurar o apoio de ao menos 275 deputados.

Marun, que é um dos principais articuladores do governo na busca por votos, disse ontem que o texto final do projeto será apresentado na próxima terça-feira (6) pelo relator, deputado Arthur Maia (PPS-BA). O presidente Michel Temer e sua equipe têm admitido a possibilidade de fazer alterações na redação para ganhar apoio dos deputados.

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