“As pessoas não vão com a minha cara”, diz Temer em entrevista

Visando melhorar sua imagem junto ao eleitorado, Temer pediu que os brasileiros analisem friamente sua gestão no Planalto

Entre denúncias barradas na Câmara, queda de ministros e austeridade fiscal, reprovação a Temer chega a 70%
Foto: Lula Marques/Agência PT - 22.9.16
Entre denúncias barradas na Câmara, queda de ministros e austeridade fiscal, reprovação a Temer chega a 70%

O presidente Michel Temer (MDB) disse, nesta quarta-feira (31), que uma parcela da alta rejeição ao seu governo se explica porque muita gente “não vai com a sua cara”. A declaração foi à rádio Metrópole , da Bahia.

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Dando prosseguimento ao seu périplo de entrevistas por programas populares visando melhorar sua imagem, Temer pediu que os eleitores analisem friamente sua gestão à frente do Planalto.

“Às vezes, as pessoas não vão com a minha cara. Dizem ´não vou com a cara desse Temer´. Não tem problema. O problema é analisar de maneira fria o que está acontecendo no meu governo. Pegamos uma recessão medonha”, disse o presidente.

Em meio a denúncias de corrupção envolvendo o presidente barradas pela Câmara , queda de ministros próximos ao emedebista e medidas de austeridade por parte da administração pública, a reprovação ao governo atinge patamares recordes.

De acordo com a pesquisa mais recente do instituto Datafolha , divulgada nesta quarta (31), 70% da população avalia o governo como ruim ou péssimo. O indicador aponta leve melhora: em setembro do ano passado, a marca era de 73%, a mais alta desde a redemocratização.

Em uma tentativa de reverter tamanha rejeição, ou ao menos amenizá-la, o presidente participou nas últimas semanas de uma série de entrevistas em programas populares. Esteve no auditório de Silvio Santos , concedeu entrevista ao apresentador Ratinho e a Amaury Jr. e, agora, falou à rádio Metrópole .

As quedas nas taxas de desemprego e na inflação, e a ligeira melhora econômica, contrariando prognósticos do Planalto, não foram ainda suficientes para reverter o quadro de impopularidade.

Impopularidade e eleições

Tanta desconfiança por parte dos brasileiros tem dificultado os planos do Planalto para as eleições de 2018. A ideia era emplacar um candidato governista, que defenda as reformas econômicas propostas e aprovadas após o impeachment de Dilma Rousseff.

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Os planos, contudo, parecem cada vez mais distantes. O Datafolha apontou que os nomes sondados pelo governo até agora – Henrique Meirelles (PSD), Rodrigo Maia (DEM) e Paulo Rabello de Castro (PSC) – não alcançaram, cada um, nem 3% das intenções de voto.

Assim, o mais provável é que o partido de Michel Temer apoie a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB). Embora o governador de São Paulo não apresente desempenho invejável nas pesquisas (ele chegou a 6% na pesquisa do Datafolha ), o apoio do MDB – e seus minutos de propaganda eleitoral na TV – podem ser de grande auxílio a Alckmin na busca pelo sonho presidencial.

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