PF aponta indícios de que Rodrigo Maia recebeu doações via 'caixa 3', diz jornal

Relatório enviado ao STF indica que "existe a possibilidade" de que dinheiro usado em campanhas do presidente da Câmara tivesse origem em acerto entre a Odebrecht e o Grupo Petrópolis para mascarar autoria de doações

Equipe do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, garantiu que doações seguiram trâmite legal
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil - 11.4.17
Equipe do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, garantiu que doações seguiram trâmite legal

Relatório da Polícia Federal aponta indícios de que o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), tenha contado com  doações via 'caixa 3' em suas campanhas eleitorais de 2010 e de 2014.

A conclusão foi enviada pela PF ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito de um dos inquéritos que investiga  Rodrigo Maia na Corte. As informações são do jornal Folha de S.Paulo .

O esquema de doações ilegais foi revelado por delatores da Odebrecht, que afirmaram existir uma  parceria entre a construtora e o Grupo Petrópolis (cervejaria que produz a Itaipava). Executivos da Odebrecht, dentre os quais o herdeiro e ex-presidente Marcelo Odebrecht, disseram ter existido um acerto para repassar R$ 120 milhões a campanhas políticas por meio de empresas ligadas à cervejaria nas eleições de 2008, 2010, 2012 e 2014. O nome 'caixa 3' foi dado pelo ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin .

De acordo com a reportagem da Folha, a Polícia Federal identificou que a campanha de Maia em 2014 recebeu R$ 200 mil da empresa Praiamar, que é ligada ao Grupo Petrópolis. O valor foi doado para o diretório nacional do Democratas, que repassou a quantia à campanha de Maia.

A mesma empresa doou R$ 20 mil ao diretório do DEM no Rio de Janeiro (base eleitoral de Maia) em 2010, ano em que outra empresa ligada à cervejaria, a Leyroz Caxias, repassou R$ 80 mil ao diretório fluminense do partido. Segundo a PF, a campanha de Maia em 2010 recebeu R$ 389 mil do diretório do Democratas no RJ.

"É certo de que existe a possibilidade de [os valores repassados a Maia terem sido originados das referidas empresas parceiras da Odebrecht", apontaram os investigadores da PF no relatório, conforme transcreveu a reportagem da Folha .

Rodrigo e César Maia

Esse inquérito contra o atual presidente da Câmara foi aberto após pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) baseado nos depoimentos de cinco delatores da Odebrecht. Segundo o então chefe da PGR, Rodrigo Janot, os colaboradores relataram que Maia solicitou e recebeu da construtora R$ 350 mil em 2008 e mais R$ 600 mil em 2010. Essa segunda doação seria destinada à campanha eleitoral de seu pai, o ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia.

A reportagem do iG tentou contato com a equipe de Rodrigo Maia, mas não obteve retorno. Em posicionamento encaminhado à Folha , os assessores do deputado asseguraram que as doações recebidas pelo parlamentar seguiram os trâmites legais. A equipe de Maia alegou ainda que ele "reitera que confia na Justiça e está à disposição das autoridades, pois tem interesse que tudo seja esclarecido com a maior brevidade possível".

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