Defesa de Temer condena "criminoso vazamento" da delação de Lúcio Funaro

Em nota, advogados do presidente afirmam que acusações contra Temer são "vazias e sem fundamento" e visam "insistir na criação de grave crise política"

Em delação, Michel Temer é acusado de receber parte de propina do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB)
Foto: Marcos Corrêa/PR - 16.3.2017
Em delação, Michel Temer é acusado de receber parte de propina do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB)

A defesa do presidente Michel Temer condenou o que chamou de "criminoso vazamento" dos  vídeos com depoimentos do lobista Lúcio Funaro em seu acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Em nota divulgada neste sábado (14), o advogado Eduardo Carnelós diz que a divulgação do material tem como objetivo “insistir na criação de grave crise política no País”. O advogado de Temer também afirma que as declarações de Funaro são “vazias” e “sem fundamento”.

“É evidente que o criminoso vazamento foi produzido por quem pretende insistir na criação de grave crise política no país, por meio da instauração de ação penal para a qual não há justa causa”, diz a defesa de Michel Temer.

As gravações dos depoimentos prestados por Funaro em agosto foram divulgadas nessa sexta-feira (13) pelo jornal Folha de S.Paulo , que obteve o material. Entre os fatos revelados pelo lobista, o delator afirma que o  ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB) repassava valores de propina ao presidente Temer.

O Palácio do Planalto informou que o presidente Temer não fazia parte de nenhuma bancada, referindo-se ao grupo de Eduardo Cunha, e diz que “toda e qualquer afirmação nesse sentido é falsa”.

Para a defesa de Temer, o vazamento tem o propósito de constranger parlamentares da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara que vão votar na próxima semana o  parecer do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) pelo arquivamento da denúncia  apresentada pela PGR contra o presidente Temer.

“As afirmações do desqualificado delator não passam de acusações vazias, sem fundamento sem nenhum elemento de prova ou indiciário, e baseadas no que ele diz ter ouvido do ex-deputado Eduardo Cunha, o qual já o desmentiu e o fez de forma inequívoca, assegurando nunca ter feito tais afirmações.”

José Yunes e o repasse de R$ 1 milhão da Odebrecht

Funaro também garante em seus depoimentos que o ex-assessor e amigo pessoal de Temer, José Yunes, "tinha certeza" que havia dinheiro no pacote recebido em seu escritório em 2014.

O delator explicou que ele próprio foi responsável por retirar no escritório de Yunes R$ 1 milhão em espécie pagos pela Odebrecht em 2014 a Temer, ao ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e ao hoje ex-ministro Geddel Vieira Lima.

Em nota, o advogado de José Yunes, José Luis Oliveira Lima, diz que Funaro já faltou com a verdade em inúmeras oportunidades e não tem credibilidade. “José Yunes, ao contrário de Funaro, goza de credibilidade. Tão logo esses fatos ficaram públicos procurou a PGR e prestou todos os esclarecimentos devidos", afirmou o advogado, acrescentando que Yunes irá processar Funaro por denúncia caluniosa.

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*Com informações e reportagem da Agência Brasil