Recibos da discórdia: Glaucos quer que hospital prove visita de advogado de Lula

Dono de imóvel alugado por Marisa Letícia confirmou que estava internado quando assinou recibos e pediu que Moro intime Sírio-Libanês a transmitir registro de visitas; defesa de Lula desafia céticos a periciarem documentos

Primo de Bumlai, Glaucos Costamarques firmou contrato de aluguel com Marisa Letícia, ex-mulher de Lula
Foto: Reprodução/JFPR
Primo de Bumlai, Glaucos Costamarques firmou contrato de aluguel com Marisa Letícia, ex-mulher de Lula

O empresário Glaucos da Costamarques, dono do apartamento alugado pela ex-primeira-dama Marisa Letícia em São Bernardo do Campo, confirmou que  estava internado num hospital quando foi instado a assinar os recibos de quitação do aluguel – que motivaram polêmicas após serem apresentados pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta semana.

Primo do pecuarista José Carlos Bumlai, Glaucos pediu que o juiz da Lava Jato , Sérgio Moro, intime o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, a transmitir à Justiça os registros de visitas no mês de dezembro de 2015. O empresário alega que foi visitado naquele mês pelo advogado Roberto Teixeira, amigo pessoal de Lula, e por um contador enviado a mando de Teixeira. 

"O pagamento de alugueres, esclareça-se, só começou a ocorrer após visita do dr. Roberto Teixeira ao defendente [Glaucos], quando este estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde Glaucos se submeteria a intervenção cardiovascular. Foi nesta visita que o referido advogado informou-o de que os alugueres passariam a ser pagos regularmente", explicou a defesa do empresário em petição apresentada na noite dessa quinta-feira (28).

Os advogados de Glaucos afirmam que o investigado só adquiriu o imóvel, que é vizinho ao apartamento onde Lula mora, após pedido de seu primo, o pecuarista e amigo do ex-presidente José Carlos Bumlai.

"Como razão primordial, [Bumlai] informou a Glaucos que precisava atender a um pedido da Sra. Marisa Letícia Lula da Silva, preocupada com o fato de alguém poder interessar-se pelo imóvel, que era localizado no mesmo andar, e em frente, ao apartamento que servia de residência ao expresidente e sua esposa, cuja privacidade poderia ser comprometida", relembra a defesa.

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Advogado de Lula minimiza importância dos recibos

O advogado Cristiano Zanin Martins, responsável pela defesa do petista,  divulgou vídeo nessa quinta-feira criticando reportagens que questionam a autenticidade dos recibos de aluguel. O defensor também voltou a dizer que a "tentativa de transformar os recibos no foco principal da ação é uma clara demonstração de que nem o Ministério Público nem o juízo encontraram qualquer materialidade para sustentar as descabidas acusações".

“De qualquer forma, se houver qualquer dúvida ou questionamento sobre esses recibos, que seja feita uma pericia avaliando de quem é assinatura, quando os documentários foram feitos, dentre outras coisas”, desafiou Martins.

A desconfiança acerca dos recibos de aluguel ganhou força na terça-feira (26), após reportagens apontarem erros nos documentos apresentados pela defesa de Lula. Dois dos recibos entregues a Moro contêm datas inexistentes no calendário . A defesa de Lula alega que a responsabilidade sobre os documentos é do proprietário do imóvel, e não de quem o alugou.

Glaucos, Lula e Roberto Teixeira são réus em ação penal da Operação Lava Jato que apura se a compra do apartamento em São Bernardo do Campo seria vantagem indevida ao ex-presidente paga pela Odebrecht como contrapartida pela atuação do ex-ministro Antonio Palocci a favor da empresa. A mesma ação penal investiga também a compra de um terreno para instalação da sede do Instituto Lula na zona sul de São Paulo.