STJ nega liberdade a Joesley e Wesley Batista

Recurso foi rejeitado por 4 votos a 1 pela Sexta Turma do Tribunal e defesa sinaliza com recurso no STF; irmãos Batista foram autorizados a receber visitas na carceragem da Polícia Federal em São Paulo a partir de hoje

Joesley Batista cumpriu prisão temporária em Brasília antes de ser encaminhado à PF em São Paulo
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil - 9.8.2017
Joesley Batista cumpriu prisão temporária em Brasília antes de ser encaminhado à PF em São Paulo

A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou nesta quinta-feira (21) o pedido de liberdade apresentado pela defesa  dos irmãos Joesley e Wesley Batista, sócios do Grupo JBS que estão presos desde a semana passada  na carceragem da Polícia Federal em São Paulo.

O pedido de habeas corpus apresentado pela defesa dos irmãos Batista  foi rejeitado por 4 votos a 1, sendo que o único a se posicionar de modo favorável aos empresários foi o relator do recurso, ministro Sebastião Reis Júnioor.

O advogado que representa os empresários, Pierpaolo Cruz Bottini, lamentou o resultado do julgamento no colegiado do STJ e já anunciou que deve recorrer da decisão no Supremo Tribunal Federal (STF). 

Joesley e Wesley são acusados de cometer crimes contra o sistema financeiro  e têm pressa para deixar a carceragem da superintendência da PF em São Paulo.  Após ter um primeiro pedido de soltura negado, os empresários esperavam que o relator no STJ decidisse monocraticamente  sobre o pedido ainda no último fim de semana, mas o ministro Sebastião não estava no plantão da Corte. 

Diante desses contratempos, Joesley e Wesley tiveram que se contentar com a autorização concedida pela Justiça para que eles recebam visitas a partir desta quinta-feira (21) na sede da PF na capital paulista, que fica na zona oeste da cidade.

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Prisão cumprida e mantida

Wesley e Joesley Batista tiveram a prisão preventiva decretada pela 6ª Vara da Justiça Federal em São Paulo na última quarta-feira (13), sob a justificativa de que, em liberdade, eles colocariam em risco a "garantia da ordem social e econômica" e poderiam até mesmo fugir do País.

A defesa dos empresários recorreu ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), mas a juíza Taís Ferracini considerou haver "indícios suficientes de autoria e materialidade" dos crimes imputados a Joesley e Wesley.

Wesley era o presidente da JBS até se tornar a primeira pessoa a ser presa na história do País por prática de  insider trader , que é o uso indevido de informação privilegiada para obter vantagens na negociação com valores mobiliários (Joesley também teve a prisão decretada por esse crime, mas já se encontrava detido em Brasília em decorrência de outra investigação).

O conselho administrativo do grupo JBS-Friboi aprovou no último domingo (17) o nome de José Batista Sobrinho, patriarca da família Batista, para substituir Wesley  na presidência da empresa.

Crimes dos irmãos Batista 

Os filhos de José Batista Sobrinho detém 100% das ações da FB Participações e somente 42% dos papéis da JBS. De acordo com a Polícia Federal, eles cometeram dois crimes contra o mercado financeiro (e contra a administração da rede de frigoríficos) durante as tratativas de seus acordos de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República. 

Segundo as investigações, os irmãos Batista venderam, por meio da FB Participações, R$ 42 milhões em ações da JBS a um preço de R$ 372 milhões. Parte dessas ações foram comprados pela própria JBS, então presidida por Wesley, para evitar que o grande volume de papéis disponíveis causassem desvalorização da empresa – o que estava previsto para ocorrer somente após a divulgação das delações de executivos do grupo.

Além dessa manobra, os irmãos Batista também foram acusados de cometer crime ao negociar a compra de dólares para obter lucro ilegal tão logo as denúncias contra o presidente Michel Temer levassem à valorização da moeda americana.

Os valores totais do lucro obtido com a compra de dólares e do prejuízo evitado mediante à venda dos papéis da JBS ainda está sendo calculado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

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