Defesa de Joesley e Saud entrará com pedido de revogação de prisão temporária

Solicitação de advogado dos executivos da JBS deverá ser feita amanhã (12); segundo defesa, o pedido da PGR é "desleal" e a prisão é "desfundamentada"

Joesley Batista deixou São Paulo e foi preso em Brasília nesta segunda-feira (11), quando se entregou à Polícia Federal
Foto: Valter Campanato/ABr
Joesley Batista deixou São Paulo e foi preso em Brasília nesta segunda-feira (11), quando se entregou à Polícia Federal

O advogado responsável pela defesa dos executivos da J&F, controladora da JBS, Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido também como Kakay, afirmou que na terça-feira (12) entrará com pedido para revogar a prisão temporária de Joesley Batista e Ricardo Saud.

Segundo a defesa, a solicitação do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que resultou na prisão temporária de seus clientes Joesley e Saud é “desleal”. Além disso, o advogado também afirmou que os dois estão à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos e não deixarão “nenhuma dúvida” de que a prisão temporária, que se iniciou no domingo (10) é “desnecessária e injusta”.

Kakay também afirma que os executivos da JBS entregaram todos os documentos e áudios que tinham, inclusive a gravação de uma conversa com o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo .

As menções a ele e a ministros do STF vieram a público há uma semana, quando Rodrigo Janot revelou ter encontrado um áudio de quatro horas nas quais Joesley e Saud combinam a omissão de informações durante o acordo de delação.

“Ele [Joesley Batista] deu o depoimento [na última quinta-feira], respondendo absolutamente a todas as perguntas. Foi colocado para ele pela Procuradoria se poderia entregar determinado áudio. Ele disse que não tinha entregado antes porque a defesa técnica dele disse que esse áudio não tinha importância, mas que ele se dispunha a entregar. E no momento que estava falando à Procuradoria, estava sendo feito o pedido de prisão pelo PGR. Por isso que eu acho que houve uma deslealdade para com ele”, criticou o advogado.

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Kakay ainda afirma que todo cidadão tem o “direito de ver preservados” os benefícios que lhe foram concedidos pela colaboração. “O acordo foi considerado a tal ponto importante que ele teve a imunidade. Foi o único que teve a imunidade, e posteriormente [a PGR] retira esse acordo com pedido de prisão. A maioria dos empresários brasileiros que fizeram acordo, quando surgiu alguma dúvida, foi chamado para fazer um recall - oportunidade explicar alguma dúvida. Por que não chamaram o Joesley e o Ricardo para explicar se tivesse alguma dúvida?", questionou.

Prisão desfundamentada

A defesa dos empresários também criticou os termos usados por Janot ao anunciar a investigação que levou ao cancelamento dos benefícios da delação a Joesley e Saud, que afirmou que haviam “fatos gravíssimos” envolvendo a PGR e o Supremo.

“É uma prisão absolutamente desfundamentada do meu ponto de vista, que só se dá porque o doutor Janot resolveu que teria que tirar a imunidade, porque quando ele deu a imunidade ele foi crucificado por toda a mídia nacional e por toda a população brasileira. Eu não sou advogado da delação e não quero discutir a imunidade. Essa não é minha questão. Após delação, o cidadão que cumpre o que está na delação tem o direito subjetivo de ter os benefícios. E ela só pode ser retirada se for uma coisa grave. Aquele áudio não justifica, inclusive porque ele é anterior à delação", argumentou. Segundo Kakay, a conversa de Joesley com Ricardo Saud ocorreu 20 dias antes do início do acordo com a PGR.

Após terem os benefícios do acordo de delação premiada que firmaram com o Ministério Público suspensos , Joesley e Saud se entregaram à Polícia Federal em São Paulo ontem. Ambos foram encaminhados nesta segunda-feira (11) à sede da Superintendência do órgão, em Brasília.

*Com informações da Agência Brasil