Nota do PT alega que denúncia contra cúpula do partido parece
Marcelo Camargo/Agência Brasil - 25.7.17
Nota do PT alega que denúncia contra cúpula do partido parece "tentativa de Janot de desviar foco de outras investigações"

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva  reagiu à denúncia apresentada nessa terça-feira (5) pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o líder do PT e integrantes da cúpula do partido. O advogado Cristiano Zanin Martins, que representa o ex-presidente em ações penais da Lava Jato, afirmou que as acusações se baseiam em "delações ou projetos de delações que se revelaram uma farsa".

O advogado também ironizou a denúncia elaborada por Rodrigo Janot  ao alegar que a peça é uma "reedição do famigerado PowerPoint" apresentado pela força-tarefa da Lava Jato no ano passado. Na ocasião, a icônica apresentação na qual Lula  aparecia no centro de uma série de suspeitas e fatos serviu para explicar a denúncia do caso tríplex – no qual o ex-presidente viria a ser condenado a 9 anos e 6 meses de prisão.

Pelo Twitter, o defensor do ex-presidente classificou a denúncia como um "escândalo jurídico" e disse que Janot chegou a cometer a "violência jurídica" de acusar o petista pela prática de um crime no cargo de presidente que somente passou a existir em setembro de 2013 (quando esse cargo já era ocupado por Dilma Rousseff, portanto).

As delações premiadas que embasaram a denúncia foram o principal alvo das críticas do advogado. "Até mesmo a delação de Delcídio do Amaral, que foi considerada como "grotesca" pelo MPF do Distrito Federal, serve de base para a denúncia. A delação da JBS, símbolo atual do uso indevido do instrumento, também serve de base para a nova denúncia, reforçando o caráter abusivo do ato", escreveu Zanin Martins.

Leia também: Janot pede bloqueio de R$ 6,5 bilhões da cúpula do PT; entenda a denúncia

Dilma, Gleisi e PT

Também denunciadas por formação de organização criminosa, a ex-presidente Dilma Rousseff e a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), também se manifestaram a respeito das acusações de Janot.

Em nota, a defesa de Dilma afirma que o procurador-geral da República não apresenta "provas ou indícios da materialidade de crime" e que, desse modo, a denúncia entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) não tem "qualquer fundamento".

"Caberá ao STF garantir o amplo direito de defesa e reparar a verdade, rejeitando-a. A Justiça será feita e não prevalecerá o Estado de Exceção. Não há mais espaço para a Justiça do Inimigo", escreveu a equipe de Dilma.

Já a senadora Gleisi Hoffmann disse que a denúncia "busca criminalizar a política e o PT". "É uma denúncia sem qualquer fundamento. Busca criminalizar a política e o Partido dos Trabalhadores no mesmo momento em que malas de dinheiro são descobertas e membro do Ministério Público é envolvido em denúncias", escreveu a senadora, mencionando os R$ 51 milhões apreendidos pela Polícia Federal em suposto 'bunker' do ex-ministro Geddel Vieira Lima .

O Partido dos Trabalhadores, também em nota, considerou que a denúncia representa uma "tentativa do atual procurador-geral de desviar o foco de outras investigações [...] no momento em que se prepara para deixar o cargo" (Janot deixará a chefia da PGR no dia 17 deste mês).

"Desde o início das investigações da Lava Jato, o PT vem denunciando a perseguição e a seletividade de agentes públicos que tentam incriminar a legenda para enfraquecê-la politicamente. Esperamos que essas mentiras sejam tratadas com serenidade pela justiça brasileira, e terminem arquivadas como já ocorreu com outras denúncias sem provas apresentadas contra o partido", diz a nota divulgada pela legenda.

Além de Lula, Dilma e Gleisi, também foram denunciados por Janot os ex-ministros Antonio Palocci, Guido Mantega e Paulo Bernardo, e os ex-tesoureiros do PT João Vaccari Neto e Edinho Silva.

Veja abaixo a íntegra da denúncia de Janot:


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