O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, determinou, nesta quinta-feira (24), que entregará uma notificação ao ministro da Saúde, Ricardo Barros, para que explique o que quis dizer quando afirmou que 'os médicos fingem que trabalham'.
A declaração do ministro da Saúde foi dada em um evento oficial no Palácio do Planalto, no mês de julho. Na ocasião, ele disse “vamos parar de fingir que pagamos o médico e o médico vai parar de fingir que trabalha”.
O contexto da declaração de Barros foi a implantação pelo governo federal, prometida por ele para até o fim deste ano, de sistemas de biometria em unidades básicas de saúde, com o objetivo de acompanhar eletronicamente os atendimentos aos pacientes e a frequência dos médicos.
Poucos dias após a fala, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul ingressou com um processo para que o STF interpelasse judicialmente o ministro a se explicar, por entender que Barros havia ofendido toda a categoria.
'Não era para todos', disse Barros
Uma semana depois da declaração escandalosa, Barros tentou, em Brasília, contornar a situação. Ele afirmou que não se referia a toda a categoria.
"Nós estávamos falando que pagávamos pouco e eles também não cumpriam a carga horária. O salário não era adequado. A todos os médicos do Brasil, não se sintam ofendidos, porque não foram a eles dirigidas as nossas palavras", disse.
Barros afirmou que se referia exclusivamente aos profissionais da atenção básica que não cumprem o horário.
"A expressão que utilizei foi retirada do seu contexto. Na sequência, reforcei com outras palavras: 'nós vamos pagar um salário justo para o médico e exigir que eles estejam à disposição da população'. Também valorizei o trabalho dos profissionais dedicados, aqueles que 'carregam o piano', com vocação para o serviço público", disseo ministro.
Segundo Barros, o discurso que foi tirado do seu contexto tratou da necessidade de enfrentar a falta de médicos nos postos de saúde em todo o Brasil.
A medida do STF é etapa anterior à possível abertura de uma ação penal por injúria. O ministro da Saúde não é obrigado a responder.
* Com informações da Agência Brasil.