Lúcio Funaro e PGR fecham termos de acordo de delação premiada

Acordo ainda precisa ser assinado e, posteriormente, homologado pelo STF; lobista pode detalhar atuação de Cunha, Geddel, Padilha e até mesmo Temer

Eduardo Cunha e Lúcio Funaro: ex-deputado e doleiro atuaram juntos em esquema no FI-FGTS, segundo investigações
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil | José Cruz/Agência Senado
Eduardo Cunha e Lúcio Funaro: ex-deputado e doleiro atuaram juntos em esquema no FI-FGTS, segundo investigações

Após cerca de dois meses de discussão, a Procuradoria-Geral da República (PGR) enfim assinou acordo de delação premiada com o lobista Lúcio Funaro, investigado em ações penais das operações Lava Jato, Sépsis e Cui Bono. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo .

Apontado como operador de propina do ex-deputado Eduardo Cunha  em uma série de esquemas de corrupção, Lúcio Funaro pode ser peça-chave para esclarecer detalhes sobre supostos crimes cometidos pelo ex-presidente da Câmara, pelos ex-ministros Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves, pelo ministro Eliseu Padilha e até mesmo pelo presidente da República, Michel Temer.

Funaro está preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Antes, ele passou cerca de um mês na carceragem  da Superintendência da Polícia Federal no DF para facilitar a negociação do acordo com a procuradoria da República. 

O lobista é investigado ao lado de Henrique Alves e de Cunha em ação penal que apura a liberação de recursos do FI-FGTS mediante o pagamento de propina a agentes públicos. Eduardo Cunha e Funaro também estão lado a lado em outros processos, como no que apura fraudes em fundo de previdência da Cedae  no Rio de Janeiro.

Em relação a Geddel Vieira Lima, Funaro foi pivô da prisão do ex-ministro, ocorrida no início do mês passado. Segundo denúncia do MPF, o outrora articulador político do governo Temer  tentou intimidar a esposa de Funaro, Raquel Pitta , para tentar evitar que o lobista assinasse um acordo de colaboração com a Justiça.

Michel Temer

Com menos de um mês pela frente no posto de procurador-geral da República, Rodrigo Janot pode ter em Funaro seu último trunfo para uma nova denúncia contra o presidente Temer.

Em seu acordo de delação, o empresário Joesley Batista indicou que teria atuado para comprar o silêncio de Lúcio Funaro, assim como o teria feito com Cunha, com o aval de Temer.

O lobista é citado também em episódio que envolve o peemedebista e suposta doação ilegal de R$ 4 milhões feita pela Odebrecht em 2014. 

O ex-assessor pessoal do presidente José Yunes confirmou em fevereiro deste ano  que aceitou receber em seu escritório um pacote com documentos (cujo teor ele disse desconhecer) a pedido de Eliseu Padilha naquele ano. O pacote posteriormente teria sido retirado por Lúcio Funaro .

Segundo o ex-executivo da Oderecht Cláudio Melo Filho, delator da Lava Jato, o pacote continha os R$ 4 milhões referentes à doação via caixa dois que havia sido combinada em reunião no Palácio do Jaburu entre ele próprio, Marcelo Odebrecht, Temer e o ministro Padilha. A Presidência da República confirma que a reunião aconteceu, mas nega que serviu para negociação de doações irregulares.

Para ter valor legal, o acordo de delação premiada de Lúcio Funaro ainda precisa ser homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

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