Temer contesta críticas da oposição sobre o uso de emendas para conquistar votos

Presidente ainda cita que passou por um “processo kafkiano” desde que vazou o áudio sobre a conversa com o presidente da JBS, Joesley Batista

Em entrevista, Michel Temer afirma que 'muitas vezes as emendas da oposição são maiores do que a dos governistas'
Foto: Reprodução/Twitter
Em entrevista, Michel Temer afirma que 'muitas vezes as emendas da oposição são maiores do que a dos governistas'

Nesta quinta-feira (3), o presidente Michel Temer (PMDB) contestou a crítica feita pela oposição de ele havia usado a liberação de verbas das emendas parlamentares a fim de conquistar votos  para conseguir barrar a denúncia que o acusava na Câmara.

As declarações foram feitas durante a entrevista concedida por Michel Temer ao programa “O É da Coisa”, na rádio Band News.

Na noite desta quarta-feira (2), a Câmara aprovou por 263 votos a 227 o relatório da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), elaborado pelo deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), que pedia o arquivamento da denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República, que acusava o presidente de corrupção passiva.

Nos últimos dois meses que antecederam a votação, foi liberado mais de R$ 2 bilhões em emendas em cada mês, o que ultrapassa os montantes concedidos mensalmente desde o início do ano. Para Temer, os valores liberados para os deputados de oposição são muitas vezes maiores que os dos governistas.

"Interessante. Muitas e muitas vezes dizem que nós liberamos mais emendas impositivas para os governistas, digamos assim, do que para os oposicionistas. Olhe, se eu mostrar para você e para os nossos ouvintes as verbas de emendas que foram entregues à oposição, você ficará espantado. Porque aquelas entregues aos deputados de oposição muitas vezes são em números muitas vezes maiores do que as entregues aos deputados governistas", declarou o peemedebista durante a entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo.

Ainda de acordo com o presidente, a oposição recebeu “igualmente” aos governistas. “As emendas foram igualmente pagas, oposição e situação. Agora, quem apoia o governo vota com o governo, quem não apoia o governo, vota contra o governo".

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"Processo kafkiano"

Outra declaração de Temer que também chamou atenção foi sobre a maneira como ele vê toda a situação da denúncia contra ele. Para o presidente, ele passou por um “processo kafkiano” para tentar tirá-lo de seu cargo.

A referência tem relação com o livro “O processo”, de Franz Kafka, que conta a história de um personagem que enfrenta um julgamento em que ele se dizia inocente e não entendi quais os motivos pelo qual ele estava sendo processado.

"Parece uma coisa kafkiana. Você começa um processo de tentativa de retirar o presidente da República sem um motivo sólido. Há aquela história da gravação que foi feita por um cidadão que havia confessado milhares de crimes e na verdade foi algo urdido, muito bem articulado", afirmou o presidente, referindo-se às gravações feitas por Joesley Batista, dono da JBS.

"Quando você ouve o áudio, não tem nada que incrimine o presidente da República. Interessante que começou um processo, daí a ideia kafkiana, como se o presidente fosse um grande corruptor e o outro fosse o santo da história", concluiu.

Parlamentarismo

O presidente também defendeu a possibilidade de o Brasil adorar o regime parlamentarista em 2018. Temer revelou que estuda propor uma reforma política em comum acordo com o Congresso Nacional e com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Azevedo perguntou quais seriam as propostas viáveis para eleições de 2018, que devem ser aprovadas até outubro deste ano, para valerem no próximo pleito. A resposta de Temer destacou que ele considera uma provável fixação da cláusula de barreira e a eliminação das coligações partidárias.

Antes, o entrevistador havia sugerido que o peemedebista encampasse a adoção do voto distrital misto em 2018 e do parlamentarismo em 2022. Mas Temer contestou: “agora vou me atrever um pouco aqui. Você falou em parlamentarismo para 2022, eu acho que nós poderíamos pensar, mera hipótese, no parlamentarismo para 2018, né? Eu acho que não seria despropositado".

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