Moro decide não mandar prender Lula para evitar "certos traumas"

Responsável por condenar ex-presidente a 9 anos e 6 meses de cadeia, juiz da Lava Jato diz que "caberia cogitar" prisão, mas "prudência" prega o contrário

Juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, durante visita ao Senado
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado - 1.12.16
Juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, durante visita ao Senado

O juiz federal Sérgio Moro, responsável por condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 9 anos e 6 meses de prisão , decidiu não pedir a prisão do petista – que assim poderá recorrer da decisão em liberdade.

Sérgio Moro  argumentou em sua decisão, proferida nesta quarta-feira (12), que o pedido de prisão do ex-presidente incorreria em "certos traumas", e que a "prudência recomenda" que essa medida seja evitada até que o processo seja analisado pelas instâncias superiores. 

O juiz da Lava Jato afirma que Lula "tentou intimidar a Justiça", adotou "condutas inapropriadas" e ainda é suspeito de instruir outras pessoas a destruirem provas. Moro alega que, diante desses elementos, "até caberia cogitar a decretação da prisão preventiva do ex-presidente".

"Entrentanto, considerando que a prisão cautelar de um ex-presidente da República não deixa de envolver certos traumas, a prudência recomenda que se aguarde o julgamento pela Corte de Apelação antes de se extrair as consequências próprias da condenação. Assim, poderá o ex-presidente Luiz apresentar a sua apelação em liberdade", escreveu.

Responsável pelos processos da Operação Lava Jato, Moro garantiu em sua sentença que a condenação de Lula pelos crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro não traz a ele "qualquer satisfação pessoal" .

"Registre-se que a presente condenação não traz a este julgador qualquer satisfação pessoal, pelo contrário. É de todo lamentável que um ex-Presidente da República seja condenado criminalmente, mas a causa disso são os crimes por ele praticados e a culpa não é da regular aplicação da lei. Prevalece, enfim, o ditado 'não importa o quão alto você esteja, a lei ainda está acima de você'."

A condenação de Lula se deu no âmbito da ação penal da Lava Jato sobre a compra de um tríplex no condomínio Solaris, no Guarujá, litoral sul de São Paulo. Além do ex-presidente, também foram condenados o ex-presidente da construtora OAS Léo Pinheiro e o ex-diretor da estatal Agenor Franklin Magalhães Medeiros.

Por outro lado, o juiz Sérgio Moro absolveu Lula das acusações de crimes envolvendo o armazenamento do acervo presidencial. Também foi absolvido por esse episódio o presidente do Instituo Lula, Paulo Okamotto.

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Confira a sentença completa de Sérgio Moro sobre o caso tríplex: