Delação de Eduardo Cunha acumula cem anexos e tem Michel Temer como alvo

Além do presidente da República, os ministros Moreira Franco, Eliseu Padilha e o senador Romero Jucá devem ser citados pelo ex-presidente da Câmara

Eduardo Cunha, que está preso em Curitiba, deve entregar documentos confessando e delatando crimes na próxima semana
Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo - 21.6.16
Eduardo Cunha, que está preso em Curitiba, deve entregar documentos confessando e delatando crimes na próxima semana

O ex-deputado e ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) já está acabando de preparar os textos com as informações necessárias para fechar o acordo de delação premiada a Operação Lava Jato.

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Tal delação, que é uma das mais aguardadas pelos investigadores, já tem mais de cem anexos, segundo o jornal Folha de S.Paulo . Em seu depoimento, Eduardo Cunha deve envolver diretamente o presidente Michel Temer.

Além do presidente da República, o deputado cassado deve citar os ministros Moreira Franco (Secretaria Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil) e o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

De acordo com o jornal, os procuradores da força-tarefa têm conversado com os advogados do ex-presidente da Câmara e acompanham de perto a direção dos textos.

A negociação tem sido bem-sucedida e a expectativa é de que tais documentos sejam entregues para os investigadores ainda na próxima semana.

Delação perigosa

O ex-deputado, que está preso em Curitiba, liderou o movimento que culminou no impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. Por anos, ele integrou o núcleo duro do PMDB, formado por Temer, Jucá e os dois ministros.

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Além das negociações políticas, a força-tarefa da Lava Jato assume que Cunha teria participado também de esquemas de arrecadação de recursos para campanhas eleitorais do grupo e do recebimento de propinas. Logo, seu depoimento pode ser o que falta para unir as peças do quebra-cabeças que os procuradores tentam montar.

Perguntas a Temer

A Justiça Federal no DF encaminhou a Michel Temer um ofício com perguntas formuladas por Cunha acerca do suposto esquema criminoso envolvendo a liberação de recursos da Caixa Econômica Federal.

Temer foi indicado pelo ex-deputado como testemunha de defesa e tem dez dias para responder aos 22 questionamentos, enviados pela 10ª Vara Federal de Brasília nessa terça-feira (4).

O ex-deputado é réu ao lado do ex-ministro Henrique Eduardo Alves e do lobista Lúcio Funaro em ações penais decorrentes das investigações das operações Sépsis e Cui Buono. Além deles, também são réus o empresário Alexandre Margotto e o ex-vice da Caixa Fábio Cleto, que fecharam acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal.

O esquema investigado diz respeito à suposta atuação do grupo para favorecer a liberação de recursos da Caixa mediante o pagamento de propina de empresas a agentes políticos e operadores.

As investigações também têm como alvo o ex-ministro Geddel Vieira Lima, preso na segunda-feira (3) por suspeita de tentar atrapalhar as apurações. Embora esteja preso preventivamente, Geddel até o momento não é alvo de uma ação penal.

Entre as perguntas formuladas pelo ex-deputado , Eduardo Cunha volta a questionar Temer sobre sua relação com Moreira Franco e menciona doações para a campanha de Gabriel Chalita em 2012.