O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância, condenou, na manhã desta segunda-feira (26), o ex-ministro Antonio Palocci a 12 anos e 2 meses de prisão.
Leia também: Delação é o único jeito de Palocci reduzir pena, diz ex-ministro Jaques Wagner
Essa é a primeira condenação de Palocci
na Lava Jato. Ele foi condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Atualmente, ele está detido no Paraná.
Além dele, seu ex-assessor, Branislav Kontic, e outras 12 pessoas eram réus nesta ação penal. Todos foram condenados.
Delações citam o ex-ministro
Em seu depoimento de delação premiada ao juiz Sérgio Moro , o empreiteiro Marcelo Odebrecht afirmou que políticos ligados ao PT tinham à disposição da empresa uma espécie de conta de crédito na qual solicitavam recursos para bancar campanhas eleitorais.
Ele cita o repasse de R$ 35 milhões e, depois, de R$ 40 milhões – acrescentando que era comum o pagamento a políticos em caixa dois na empreiteira.
Odebrecht afirmou que tratava dos repasses com o ex-ministro e que determinadas quantias chegaram ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Já Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, contou em depoimento ao juiz Moro que Lula teria encarregado o ex-ministro em 2012 para tratar da propina em contratos com estaleiros que iriam construir sondas para a exploração do pré-sal pela estatal.
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto teria consultado o ex-ministro e depois comunicado o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco de que, nesse caso específico, a propina seria repartida na proporção de "um terço para a casa [agentes da estatal] e dois terços para o partido".
Duque afirma que parte dessa propina foi direcionada a Lula. "Os 'dois terços', o Vaccari me informou, iriam para o Partido dos Trabalhadores, para José Dirceu e para Lula, sendo que a parte do Lula seria gerenciada por Palocci".
O ex-ministro foi citado também pelo publicitário João Santana, responsável pela campanha à reeleição do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. O marqueteiro disse ter ficado claro, em reuniões com o ex-ministro, que o petista tinha conhecimento sobre o uso de recursos de caixa dois na campanha.
De acordo com o texto do anexo 2 da delação de Santana, em que é resumido o teor do depoimento, o ex-ministro foi o responsável por negociar os termos do contrato da Pólis , empresa de marketing do empresário com a esposa, Mônica Moura.
“Nestes encontros ficou claro que Lula sabia de todos os detalhes, de todos os pagamentos por fora recebidos pela Pólis, porque Antonio Palocci, então ministro da fazenda, sempre alegava que as decisões definitivas dependiam da ‘palavra final do chefe’”, diz o texto.
* Mais informações em instantes.