Marcelo Odebrech não é o primeiro delator a ligar o nome de Aécio Neves a Furnas aos colaboradores da Lava Jato
Geraldo Magela/Agência Senado - 22.2.2017
Marcelo Odebrech não é o primeiro delator a ligar o nome de Aécio Neves a Furnas aos colaboradores da Lava Jato

O ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, afirmou em delação premiada que firmou um acordo com a Andrade Gutierrez de repassar R$ 50 milhões ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) depois de vencerem leilão para a construção da hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia, em dezembro de 2007.

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Outros executivos da empreiteira também citaram o acordo, ainda afirmando que a Odebrecht teria de pagar R$ 30 milhões, enquanto a Andrade Gutierrez repassaria R$ 20 milhões. De acordo com o jornal “Folha de S. Paulo”, as duas empreiteiras afirmaram aos procuradores da Operação Lava Jato que o repasse a Aécio Neves foi realizado para que tivesse uma boa relação com as duas sócias da usina em questão, nas quais o tucano tinha influência, que são a Cemig e Furnas.

Os delatores não esclareceram, porém, se os valores citados foram realmente pagos. Segundo a “Folha” apurou, também não descreveram como o acordo foi acertado, ou seja, se houve propina. Os depoimentos ainda estão sob sigilo e acabam embasando os pedidos de inquéritos feitos na última semana pela Procuradoria-Geral da República contra diversas autoridades.

Porque o tucano tem foro privilegiado, a solicitação foi feita ao ministro do Supremo Tribunal Federal, o relator da Lava Jato Edson Fachin. A autorização ainda não foi realizada, mas, caso seja feita, começará a fase de recolhimento de provas sobre as acusações. Caso haja indícios, a PGR oferecerá a denúncia e, se for aceita pela Justiça, o investigado se torna réu – e o julgamento será aberto.

Marcelo afirma que representantes de Aécio diziam que os pedidos eram “contribuições ao PSDB”. O senador nega a acusação, afirmando ser “absolutamente falsa”.

A obra

A Usina de Santo Antônio fica no Rio Madeira e foi construída em 2007. À época, Aécio cumpria seu segundo mandato como governador de Minas Gerais e tinha sob seu comando uma das empresas que integravam o consórcio vencedor, a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), ainda sob controle do governo estadual.       

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O tucano, então, era um dos principais nomes da oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que licitou a usina em Rondônia. Porém, embora estivesse fora do comando federal, ele também mantinha influência sobre o principal investidor da usina, a empresa Furnas.

Furnas é a principal acionista de Santo Antônio Energia, com 39% do capital, enquanto a Odebrecht tem 18,6%, e a Andrade Gutierrez, 12,4%. Um fundo da Caixa Econômica Federal controla 20%, a Cemiga tem 10%. A construção da hidrelétrica custou R$ 20 bilhões.

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Outras delações

Marcelo Odebrech não é o primeiro delator a ligar o nome de Aécio Neves a Furnas aos colaboradores da Operação Lava Jato. Além dele, o doleiro Alberto Youssef e Delcídio Amaral disseram ter “ouvido comentários de terceiros” sobre a relação entre o tucano e a estatal federal de energia. O agora senador nega qualquer tipo de influência sobre o ex-diretor de Furnas, Dimas Toledo. Procuradores avisaram representantes da empreiteira de que todos os detalhes sobre a usina terão de ser esclarecidos.

*As informações são do jornal "Folha de S. Paulo".

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