Marcelo Odebrecht admite ter doado R$ 150 milhões à chapa Dilma-Temer

Ex-presidente da Odebrecht confirmou também, em depoimento, que encontrou Temer para tratar de doações, mas nega ter falado em valores

Declarações de Marcelo Odebrecht foram feitas em Curitiba, no processo que pede a cassação da chapa de Dilma e Temer
Foto: Lula Marques/Fotos Públicas
Declarações de Marcelo Odebrecht foram feitas em Curitiba, no processo que pede a cassação da chapa de Dilma e Temer

O empresário Marcelo Odebrecht confirmou, nesta quarta-feira (1º) em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) , que fez a doação de R$ 150 milhões à chapa Dilma-Temer na eleição presidencial de 2014, como caixa dois. 

O ex-presidente da Odebrecht disse, em seu depoimento, que não tinha como dizer "com certeza" se a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o presidente da República Michel Temer (PMDB) sabiam das negociações ou de qualquer "ilicitude das doações" – ou seja, que elas eram ilícitas. As informações são da TV Globo e da agência Reuters .

As declarações foram feitas em Curitiba, no processo em que o PSDB pede a cassação da chapa Dilma-Temer.

Parte do valor, segundo Marcelo, foi pago no exterior ao marqueteiro do PT, João Santana. O empresário afirmou também, em depoimento, que se reuniu com Temer para tratar de doações ao PMDB no mesmo ano, mas nega ter tratado de valores com o então vice-presidente.

Depoimentos de executivos

Inicialmente, estavam previstos para ocorrer também nesta quarta-feira os depoimentos de Cláudio Melo Filho e Alexandrino de Salles Ramos, dois ex-diretores da Odebrecht . A Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral (CGE), no entanto, decidiu remarcar esses interrogatórios para a próxima segunda-feira (6).

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Antes disso, foram agendados mais dois depoimentos com ex-diretores da construtora: Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Fernando Reis, que serão ouvidos nesta quinta-feira (2) no Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro (TRF-RJ).

Os cinco empreiteiros integram a lista de 77 executivos da Odebrecht que fecharam acordo de colaboração  com o Ministério Público Federal no âmbito das investigações da Operação Lava Jato.

Por imposição dos termos do acordo firmado entre os executivos e o MPF, o teor dos depoimentos à Corregedoria do TSE deverá ser mantido em sigilo.

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As oitivas foram pedidas pelo ministro Herman Benjamin, relator da ação contra a chapa de Dilma e de Temer. Ele justificou a convocação dos delatores mencionando "indicativos extraídos da mídia escrita de que houve depoimentos relacionados à campanha eleitoral da chapa Dilma-Temer" nos acordos de delação assinados pelos executivos da construtora.