Lava Jato: MPF denuncia Sérgio Cabral por mais 148 crimes de lavagem de dinheiro

Na semana passada, o ex-governador do Rio de Janeiro já havia sido denunciado por 184 crimes; fatos foram investigados na Operação Mascata

Investigado por lavagem de dinheiro, Sérgio Cabral foi preso na Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebo/Agência Brasil
Investigado por lavagem de dinheiro, Sérgio Cabral foi preso na Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato

O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro fez, nesta terça-feira (21), uma nova denúncia à 7ª Vara Federal contra o ex-governador Sérgio Cabral, o ex-assessor da Casa Civil do Governo do Rio de Janeiro, Ary Filho, e um dos operadores financeiros do esquema, Carlos Miranda, pelo crime de lavagem de dinheiro.

Segundo as investigações, Cabral praticou crimes de lavagem de dinheiro em 148 oportunidades. No último dia 14, o ex-governador havia sido denunciado por 184 crimes de lavagem . Se a denúncia desta terça-feira for aceita, o ex-governador somará, em duas denúncias, 332 crimes de lavagem de dinheiro. 

Ary Filho também foi denunciado por  supostamente pertencer à organização criminosa, apontado como integrante do esquema de desvio de recursos públicos liderado, segundo o MPF, por Cabral e investigado pela força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro.

Esquema

A nova denúncia do MPF, resultado da Operação Mascate, aponta que Cabral, Ary Filho e Carlos Miranda se valeram de três formas distintas para promover a lavagem de ativos em 148 oportunidades: transferências bancárias de empresas de um colaborador para a empresa GRALC/LRG Agropecuária, de propriedade de Carlos Miranda, com a justificativa de prestação de serviços de consultoria inexistente; compra de veículos para a organização criminosa pelas empresas de um colaborador; compra de imóveis da organização criminosa pela empresa de um colaborador.

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De acordo com o MPF, os crimes de lavagem de dinheiro cometidos foram descobertos a partir de colaboração premiada, em que foram apresentadas provas de transações no valor de R$ 10,17 milhões, ocorridas entre 30 de agosto de 2007 e 28 de setembro de 2015.

Segundo as investigações, os conjuntos de atos de lavagem de dinheiro narrados tinham por objetivo converter os recursos de propina em ativos de aparência lícita e/ou distanciar ainda mais de sua origem ilícita o dinheiro derivado de crimes de corrupção supostamente praticados pelos denunciados.

Além dos R$ 3,4 milhões pagos à GRALC/LRG Agropecuária a título de consultoria, a denúncia do MPF aponta que os integrantes do esquema ocultaram a propriedade de um Camaro 2SS Conversível, avaliado em R$ 222,5 mil, e de uma Grand Cherokee Limited, avaliada em
R$ 212,8 mil, bem como de sete imóveis no valor de R$ 6,3 milhões.

Para os investigadores, Ary Filho era o responsável pela entrega do dinheiro em espécie, que depois era utilizado pelos colaboradores para pagar os serviços de fachada e adquirir os carros e imóveis em nome de suas próprias empresas.

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“A denúncia versa sobre crimes de pertinência a organização criminosa e de lavagem de dinheiro cometidos no Brasil relacionado ao operador Ary Filho. Contudo, diante da grandiosidade do esquema criminoso, não esgota todos os crimes de lavagem de dinheiro cometidos no Brasil, nem tampouco todos os fatos praticados pelo grupo, que poderão ser objeto de novas denúncias”, explicam os procuradores da República Leonardo de Freitas, José Augusto Vagos, Eduardo El Hage, Renato Oliveira, Rodrigo Timóteo, Jesse Ambrosio dos Santos Junior, Rafael Barreto, Sérgio Pinel e Lauro Coelho Júnior, que assinam a denúncia.

A reportagem entrou em contato com as defesas de Sérgio Cabral, Ary FIlho e Carlos Miranda, mas não foram encontradas até o momento.