Quando veio a público áudio no qual a ex-presidente Dilma Rousseff oferecia um cargo a Lula, numa clara manobra para tentar proteger o ex-presidente das investigações e ameaças de prisão, a população brasileira ficou indignada. Com toda a razão. O episódio foi determinante para expor o modus operandi do PT e influenciou diretamente para acelerar o processo de impeachment da ex-presidente.

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Pois passado um tempo, eis que o presidente Michel Temer repete a "estratégia" de Dilma e dá um tiro no pé, deixando às claras uma manobra para proteger um de seus amigos e aliados.

Temer dá posse ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, em cerimônia
Beto Barata/PR
Temer dá posse ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, em cerimônia

Nem bem a eleição na Câmara havia terminado e o governo, talvez sentindo-se fortalecido pelas vitórias nas duas casas e ávido para retribuir o apoio recebido, tratou de anunciar mudanças nos ministérios. E uma delas revelou-se um verdadeiro golpe.

Citado diversas vezes na delação premiada de Claudio Mello, um dos executivos da Odebrecht, Moreira Franco foi brindado com status de ministro para passar a ter foro privilegiado nas investigações da Lava Jato. Com isso, o agora ministro só pode ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal, escapando assim das garras do juiz federal Sérgio Moro.

Em seu depoimento, Mello disse que tratou de negócios da Odebrecht com Moreira Franco quando ele era ministro da Aviação no governo Dilma. Essa e outras delações de executivos e ex-executivos já foram homologadas pela presidente do STF, Cármen Lúcia.

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Antes de assumir a Secretaria-Geral da Presidência de Temer, Moreira Franco comandava o PPI (Programa de Parcerias e Investimentos).

Na cerimônia de posse dos novos ministros, ocorrida na sexta-feira, o presidente Temer, sem citar a investigação, tentou justificar a "promoção": "Hoje se trata apenas de uma formalização, porque na realidade o Moreira já era ministro desde então." Não convenceu muita gente. Já Moreira Franco também negou que sua nomeação tenha sido uma forma de se proteger das investigações da Lava Jato.

"Há uma diferença muito grande das tentativas que foram feitas no passado nesse sentido da que está ocorrendo aqui hoje. Eu estou no governo, eu não estava fora do governo, então não há absolutamente nenhuma tentativa de resolver uma crise política, um problema político, porque nós não estamos vivendo crise política, ao contrário", disse ele, em referência ao caso Dilma/Lula.

Na oposição a nomeação provocou críticas. A Rede Sustentabilidade entrou com ação popular na Justiça questionando a indicação de Moreira Franco.

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Resumo da ópera: Temer e Moreira Franco tentaram defender o indefensável. Por mais que tenham tentado dar uma explicação, a argumentação não colou. No final das contas, o presidente, que já não é tão bem visto pela opinião pública, saiu um pouco mais chamuscado.

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