Atenção: o texto contém spoilers. “Beetlejuice Beetlejuice: os fantasmas ainda se divertem retoma o universo peculiar e estilizado que Tim Burton criou em 1988 , oferecendo uma nova aventura que se conecta organicamente com o original. O filme se beneficia de uma sólida base estética, onde a visão criativa de Burton continua evidente, com cenários e efeitos práticos que remetem àquele estilo gótico e lúdico, conhecido e apreciado por seus fãs.
Michael Keaton, reprisando o papel icônico de Beetlejuice, demonstra uma energia notável, capaz de elevar cada cena em que aparece. Apesar dos anos que se passaram, ele se entrega ao personagem com uma vivacidade que parece quase inalterada, explorando a natureza anárquica de Beetlejuice com um humor físico e sagacidade que funcionam bem dentro da trama. Neste novo filme, Keaton ganha muito mais tempo de tela do que no original, onde apareceu por apenas 17 minutos. Agora, ele domina o cenário, comandando um centro de atendimento pós-vida com a mesma excentricidade desenfreada que o tornou um ícone.
O roteiro evita a armadilha de simplesmente revisitar os elementos do filme original. Em vez disso, oferece uma história que, embora não seja inovadora, se sustenta por si mesma, especialmente ao introduzir novos personagens, como Astrid, a filha adolescente de Lydia. A dinâmica entre as diferentes gerações da família Deetz cria momentos cômicos e emotivos, sem perder o humor macabro que marcou o filme original. O retorno de Catherine O’Hara como Delia, mãe de Lydia, é outro ponto alto, adicionando nostalgia ao filme que é marcado pela ausência dos fantasmas originais, interpretados por Alec Baldwin e Geena Davis.
O filme faz várias outras referências ao original, desde a abertura característica da década de 1980 até os figurinos e situações que lembram os fãs dos momentos icônicos do primeiro filme. No entanto, essas referências são equilibradas com novas ideias, evitando que o filme caia na repetição.
Visualmente, Tim Burton não decepciona. As sequências no mundo dos mortos e os detalhes grotescos que permeiam o filme mostram que sua criatividade visual permanece intacta , mesmo que alguns momentos careçam da inovação que marcou seus trabalhos anteriores. Beetlejuice Beetlejuice oferece uma série de subtramas excêntricas, com armadilhas repentinas, vermes de areia e cabeças encolhidas, elementos que remetem ao estilo clássico de Burton.
Entretanto, algumas dessas subtramas parecem desconexas, o que acaba sobrecarregando o filme. Monica Bellucci, por exemplo, interpreta uma ex-amante vingativa de Beetlejuice, claramente inspirada em Morticia Addams, que acaba desaparecendo do filme por longos períodos. Já Willem Dafoe interpreta um detetive do submundo que também não tem muito espaço para brilhar.
O roteiro de Alfred Gough e Miles Millar é repleto de diálogos afiados e piadas visuais que exploram ao máximo o humor excêntrico e macabro característico de Burton. Em vez de depender apenas de CGI, o filme utiliza efeitos práticos, como fantoches, próteses e uma quantidade boa de gosma e sangue, tornando as cenas tanto mais engraçadas quanto mais nojentas.
Embora o filme tenha seus momentos de desorganização e algumas tramas em excesso que acabam resultando em um final um pouco apressado e confuso, Beetlejuice se mantém como uma das produções mais divertidas de Burton nos últimos anos. É um retorno bem-vindo ao estilo peculiar do diretor, especialmente após o remake decepcionante de Dumbo em 2019. É evidente que Burton se divertiu muito ao criar este filme, e os espectadores, sem dúvida, compartilharão desse sentimento.
Beetlejuice Beetlejuice: os fantasmas ainda se divertem estreia nos cinemas em 5 de setembro e promete ser uma experiência cinematográfica tanto para os fãs do original quanto para uma nova geração.
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