O X (antigo Twitter), rede social controlada pelo bilionário Elon Musk, anunciou neste sábado, 17, o fechamento imediato do seu escritório e o fim das operações no Brasil alegando ameaças e censura por parte do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que relata inquéritos sobre a atuação do dono da plataforma em campanhas de desinformação contra as instituições brasileiras. Em princípio, a decisão não impede que a rede continue sendo acessada no País.
Ao comunicar o fechamento dos escritórios, o perfil de Governança Global do X ainda compartilhou uma decisão sigilosa de Moraes. No despacho, o ministro descreve que a representante legal da rede social, Rachel de Oliveira Villa Nova, agiu de má-fé para evitar intimação judicial e descumprir ordens anteriores. O ministro decretou a prisão de Rachel por desobediência a decisões judiciais, aplicou multa de R$ 20 mil por dia e determinou o seu afastamento da direção da empresa.
Moraes descreve no relatório que acionou o X por meio do seu canal oficial no dia 7 de agosto para bloquear perfis, mas foi informado que a rede social mudou o representante legal no País. Ainda de acordo com o ministro, a equipe de relações públicas do X informou que a nova representante da empresa era Rachel Villa Nova, porém se negou a passar o seu contato.
Moraes então expediu as ordens contra a atual por compreender que ela e a empresa agiram deliberadamente para descumprir suas decisões.
Em um comunicado publicado pelo perfil “Assuntos de Governança Global”, a big tech alega que Moraes ameaçou o seu representante legal no Brasil com mandado de prisão se não fossem cumpridas ordens no âmbito de processos que tramitam no STF. “Moraes optou por ameaçar nossa equipe no Brasil em vez de respeitar a lei ou o devido processo legal”, diz o comunicado. Procurado pelo Estadão, o magistrado não se manifestou.
A decisão do X não interfere no funcionamento da rede social, que continuará a operar normalmente em território nacional. A legislação brasileira obriga que empresas estrangeiras cumpram as leis locais. O encerramento das operações implica em fechamento de postos de trabalho que se dedicavam a políticas e estratégias comerciais específicas para o Brasil. Diversas assessorias do X no Brasil foram desativadas quando Elon Musk assumiu a direção da empresa, incluindo a área responsável pela imprensa, que passou a responder demandas de jornalistas com emojis de cocô.
A plataforma atribui a responsabilidade pelo fim das operações no Brasil “exclusivamente” ao ministro Alexandre de Moraes. O comunicado publicado pelo X termina com o argumento de que as ações do magistrado são “incompatíveis com um governo democrático”.
Elon Musk, dono do X, é investigado no inquérito das milícias digitais sob suspeita de usar a rede social de forma dolosa para espalhar notícias falsas e atacar o Poder Judiciário.
Na própria rede social, ele se manifestou sobre a decisão, dizendo que as decisões de Moraes os obrigaria a “violar (em segredo) as leis brasileiras, argentinas, americanas e internacionais” e que, por isso, a rede, “não tem escolha a não ser fechar as operações locais no Brasil”. “Ele é uma vergonha total para a Justiça”, completou.
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